TURISMO NÃO É ESPORTE
Para começar, ressalvo que gosto de praia, no verão apenas. Tive casa de veraneio por muitos anos, especialmente em função de filhos bem jovens. Também gosto eventualmente do campo, fazenda ou sítio. A família possuía e eu algumas vezes frequentei com alegria. Devo esclarecer que já andei mais de vinte vezes a cavalo e até percorri boa distância montado num pingo, mas mal, desconfortavelmente, sem muita sincronia. Eu me esforcei, mas não tinha talento. Sou alérgico a mosquitos e micuins. Jamais pratiquei “camping” ou me aventurei a fazer trilhas muito ousadas. Não sou “careta”, já fiz várias aventuras e ainda desejo voar de asa delta no Rio de Janeiro, mas não me convidem para uma praia paradisíaca sem boa infraestrutura ou para fazer trilhas sacrificantes sob sol a pino. Eu já subi oito quilômetros com chuva e lama no Itaimbezinho e adorei, mas é coisa para se fazer de dez em dez anos, pelo menos. Como já viajei dez dias para a Europa num grande navio, firmei a ideia de que um cruzeiro marítimo é, para mim, uma grande restrição de liberdade, por mais mordomia e alternativas que ofereçam. Quando viajo ao exterior, gosto de ficar bastante tempo no local desejado e fazer turismo sem grande pressa, curtindo a vida e os pequenos detalhes, nos meus horários. Em Porto Alegre ou Gramado, por exemplo, SEMPRE, almoço lá pelas 14h30min e durmo bem depois das duas horas da manhã. Numa viagem turística, abro mão da habitualidade, mas não tanto assim. É claro que na praia, durante o veraneio, a coisa se estende ainda mais. Não acho graça, então, em me submeter a regime de caserna nas viagens turísticas, que valem para o desfrute pleno do bem viver. Quando ainda trabalhava, era mais flexível e tolerante, agora a música é outra. Viajar exige preparação psicológica, especialmente para os fumantes pesados, portanto, vou na “manha”, mas deixo muito claro que turismo não é esporte.