OUTRA VIDA
Ernesto, um cabra honesto, vivente no mato, trajando seus sonhos por entre as lidas diárias.
Mas tinha a força e a disposição desses bravos sertanejos de fibra, que acostumados com o calor do sol, sabe arder em lembranças e vontades de labuta.
Esmerinda, companheira de meia centena de anos, era um riso em pessoa, uma poesia no falar, uma sabedoria no dizer, uma sapiência em cada gesto de bondade.
Mucunzá, abobora, leite, cuscuz,batata doce,mingau de milho, bolo de aipim,café socado no pilão e torrado nos tachos velhos,banana cozida e coalhada. Esse era o café da manhã do casal que dividia o labor com seu casal de filho: Ruperino e Anacelsa, acostumadas na vida sertania que levavam, de nada reclamavam pois seus pais eram seus maiores tesouros na terra.
Quatro vidas agradecidas aos céus pelas suas existências.
Prefiro chama-los de civilizados do mato que não são presos a modernidades impostas pelo consumismo da cidade onde moro.
Lá, onde eu vivo, a linguagem é outra: Chees burguer, Self Service, croissants, pão com manteiga, média, e estamos sempre conversando o nosso universo evolutivo: I pod, Iphone, I ped, link, emails,chats,face book,orkut. Nosso almoço: Chuletta, Bife a rolê,virado a paulista, feijoada carioca,macarronada.
Mas na casa do Ernesto, o cabra honesto lá do mato é totalmente diferente: Buchada de bode, fava, mangalô, andu, feijão de corda,carne assada na brasa, farinha fininha, pimenta malagueta, toucinho defumado no fogão de lenha, galinha ensopada,abobora,(Girimum ou moranga) jabá frita, bode assado, salada farta e muito mais colorida e sadia, pois não usa agrotóxicos e nem venenos disfarçados de adubos enriquecedores.
Ah Ernesto, tu e tua familia, sai dai não Homem, por que se um dia eu tiver coragem, jogo tudo isso pro alto e vou viver bebendo água na fonte que fica no fundo da tua casa de taipa com vista pra tudo quanto é belo na natureza, que te acorda todas as manhã com os variados cantos dos pássaros sinfônicos que te despertam.