FAROL ORIENTADOR

Ei amigo, empresta-me o teu ombro, dá-me tua atenção, acolhe o meu desabafo, cede a mim e aos meus problemas tantos, um pouco da tua experiência em aconselhar-me na condução do bom proceder.

A minha carga está tão pesada que meus ombros vivem dobrados até mesmo no caminhar, como se um fardo forçasse essa inclinação e não permitisse que eu tivesse forças para erguer-me, olhar adiante e caminhar.

Até te peço, encarecidamente que me perdoe se te aborreço com essas narrativas que estão me angustiando, todavia, por ver em você o meu amigo que sempre contei em todos os momentos da minha vida, venho lhe pedir essa dedicação a amparar-me nesses conturbados momentos pelos quais atravesso.

Não te trago boas falas nem os floreios de outrora embelezando as palavras como se lembrasse dos tempos áureos da poesia que tanto falávamos. Vivo assim, num arrebol cercado de dúvidas, de precisões tantas, pois as promessas se passaram como as águas do rio que banha e serpenteia por entre areias e pedras solitárias onde poucos notam a sua importância.

Pedras e pedregulhos banhados de tantas incertezas, são assim os meus dias ao contemplar em solidão uma beleza que para mim se finda em cada amanhecer, com a mesma velocidade do entardecer.

Não vejo mais a brancura do véu que cobre a beleza da noiva, e não deflagro por entre outros ouvidos tantos, a narrativa que antes pronunciava ao falar dessa noiva que aos meus olhos cativava só em contempla-la.

Ao tentar me encontrar, eu me perdi como se navegasse num barco solitário oceano afora, onde o nevoeiro das dúvidas ocultara a minha visão e me fez perder o brilho, sim o brilho que irradiava de mim e atingia a muitos pelo meu expressar poético sintetizado em palavras belas.

Sinto-me só, pois até a tua presença, feito sombra que se perde na turva noite, dos meus olhos se afastaram de mim. Não, eu não te condeno por isso, nem te culpo, por compreender que as tuas estradas, não tem mais nada a ver com as veredas que juntos um dia percorremos entre tantos labores, nutridos de devaneios e vontades nossas que hoje, guardo em solidão de pensamento só para mim.

Nos mares da vida, nossos barcos seguiram rumo a outros atóis por nós nunca antes imaginado.

Recebe-me amigo, e se puder, ouça-me como antes o fizera, pois aqui, nesse lado de mar, só tenho a ti como porto seguro onde poderei atracar as minhas dores, mas também os meus sorrisos, se juntos ainda pudermos avistar o farol orientador do nosso rumo deixado nalgum lugar há tempos passados.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 08/09/2021
Código do texto: T7337775
Classificação de conteúdo: seguro