PARADOXO AFETIVO?

Hoje, aqui em casa, tive um momento maravilhoso de convívio familiar, no almoço especial, com a mulher, filhos e netos – noras e genros aí incluídos. Faltou o enteado, mas este está melhor na Austrália, desbravando os seus caminhos. Bidu, Chopinho e Pelé com a presença de sempre, pois a fidelidade canina faz parte da alegria de bem viver. O curioso é que, decorridas as muitas horas de amoroso convívio e felicidade, talvez por isto mesmo, chega de mansinho a recente lembrança da dor. É uma espécie de jogo dos extremos. A esta hora da madrugada, após um dia tão fértil em afeições, não consigo afastar a saudade da minha cadelinha Baby. Que coisa paradoxal. Talvez a terrível circunstância de haver autorizado sua eutanásia (absolutamente necessária) seja um fator agravante. Não posso tirar da cabeça o seu gesto, quase no último suspiro, de ainda lamber minha mão - ela que era puro amor e tanto resistiu a seus males por isto mesmo. Nos últimos tempos, a coitadinha deu muito trabalho e despesa, mas seu prazer em estar comigo, em exigir minha presença constante, é coisa de raríssima afetividade e apego, que mexe demais com a alma. Tive de escrever este texto como terapia. Baby é para sempre, insubstituível. Ainda que adore os três cachorrinhos – um pouco mais apegados à mulher - talvez procure ainda outra cadelinha que me faça sentir fundamental a cada minuto da vida, fato que nos torna maiores em espírito e amor incondicional. Espero que me entendam, caso contrário não posso fazer nada, pois sempre agi conforme minha razão e instintos. Não busco apoios, opiniões ou consolo, é apenas um desabafo.