ARQUEOLOGIA DAS INSÔNIAS

Reviro os escombros em busca de pequenos artefatos esquecidos. Assim vou revisitando tanta história através das imagens. Meus olhos atentos se detêm nos pequenos detalhes.

Aos poucos reconstruo todo um império com os vestígios das lembranças...

Lembrar é um trabalho arqueológico. É preciso espanar a poeira grossa que o tempo deposita em cima das lembranças. É necessário coragem para abrir o grande sarcófago da memória.

E nesse trabalho arqueológico encontrei mais um dos tantos vestígios que me deixaste. Desta vez não era um fio de cabelo ou uma roupa.

Não!

Desta vez era um documento escrito, o que denotava que o que vivemos não era pré-histórico. Estava escrito, era história!

Mais do que um simples documento, era uma prova.

Em tuas pequeninas letras estavam ali escritas três palavrinhas. Três simples palavras, nada mais...

Parei a pensar que não conhecia a geografia de tua ortografia. Ler aquelas três palavras que escreveste a próprio punho era a primeira vez.

Pela primeira vez eu era surpreendido pelas tuas palavras. Escritas naquela folha velha, sem pretensão. Ali estava a prova do que um dia existiu.

Três palavras. E assim vou as relendo, incansavelmente. E embora somente três palavras, elas são muitas, elas são muitos momentos.

São somente três palavras, mas que pra nossa história têm tanto significado.