PRA QUEM JÁ VENDEU UM AMIGO
Hoje fiquei sabendo que um colega músico vendeu o seu violão para poder sobreviver a estes tempos difíceis em que não pode se sustentar tocando nos bares da cidade, ofício que já exerce há mais de três décadas.
Agora ele mostra o seu trabalho em lives semanais, onde toca com um instrumento emprestado para arrecadar o suficiente para garantir o arroz com linguiça da semana.
Essa é uma notícia que devasta o coração de um músico, saber que um colega teve que se desfazer do seu instrumento de trabalho para garantir que amanhã tenha pão na mesa.
Pra quem não vive de música é apenas um negócio, uma simples transação de compra e venda, mas para o músico obrigado vender o instrumento é como vender uma testemunha da própria história, é como ser alijado do melhor amigo.
Quantas noites de insônia galopou a tristeza nos braços do violão, fiel depositário dos seus segredos e angústias? Uma caixa de pandora que agora se abre às mãos de um novo dono.
Essa história me lembra a do Sylvester Stallone, que precisou vender o seu cachorro para sobreviver e o comprou de volta quando conseguiu vender o roteiro de Rocky, sem a parte de conseguir comprar o amigo de volta.
@oantonioguadalupe