FAMÍLIA
Em tempos um pouco mais distantes, as famílias tinham uma dinâmica diferente, até, eventualmente, uma composição diversa. Naturalmente que a base era pais e filhos, mas comum a integração de avós, empregada e outros agregados, às vezes um tio-avô viúvo, um primo, o filho da empregada, parentes em geral ou até mesmo algum amigo, ainda que temporariamente. O mundo era menor, menos apelos consumistas, progresso lento e movimentação mais restrita a determinadas profissões. O custo de vida também não era exorbitante. Vivia-se muito bem com muito menos do que hoje em dia. As alterações eram mais previsíveis. Outro ritmo. Mesmo os irmãos separados em função de ocupações e novos vínculos familiares procuravam periodicamente encontrar-se, vencendo as maiores distâncias. Afinal, a família tinha um valor maior, a grande família. Exemplo disto eram as casas de veraneio superpovoadas, com parentes próximos ou distantes, mais amigos. O bom e diversificado convívio impunha-se como ponto alto das festividades. Fui criado em veraneios com avós, tio-avô, tios, vários primos, empregadas e amigos, além de pai, mãe e quatro irmãos. Panelas imensas na mesa do almoço, comida sempre gostosa, sucos e refrigerantes. Havia racionalidade no rateio das despesas e jamais exageros. Dominavam o bom papo e as gargalhadas. Hoje, não existe mais este quadro, tudo é mais encastelado, conforme os ditames do conveniente conforto, de idiossincrasias ou da própria disponibilidade de tempo. Enfim, a família reduziu-se, de certo modo. Restou nas fotos mais antigas. A modernidade impôs condições de convívio e isto é uma enorme perda. Irremediável.