Veja bem o que vejo!
Em Parati vejo o Ouro Preto no mar se esvair,
Pelo Caminho Novo, pedaços de Tiradentes…
Ainda ouço pouca Rumba e bastante Samba,
Mas vejo uma Angra aberta para os Reis…
E uma Mariana virgem a seduzir Bandeirantes.
Vejo o Salvador dos Pelourinhos em Capoeira,
Os campos de Piratininga a erguer São Paulo,
Vejo ouros, sangues, suores, esmeraldas e lágrimas…
Vejo Pindorama ser de outros nomes batizado,
E vejo Tupã abruptamente destronado…
Eu vejo no mar içadas centenas de Cruzes de Malta,
Nelas também veio a África e o banzo nas almas,
Orixás nas palmas, cantos e danças em Devoção.
Ouço gritos de dores, de amores, de Independência,
Vejo o Rio palco de uma Monarquia lusa,
Eu vejo o limiar do sentimento de um Povo,
Em renatas medievais barbáries que dele abusam,
Um Povo ainda atraído pelo seu Berço Esplêndido
A entregar novamente o seu Ouro, seu Couro,
A sua liberdade, qual dispensáveis dispêndios.
Eu vejo um Brasil redescoberto, nada desperto,
Eu vejo novos tipos de navegações a se aproximarem,
Com um novo e engendrado Tratado de Tordesilhas,
A dividir a cobiçada pátria promissora maravilha…
E nós, nesses Termos, sem termos o lado de lá
Após sermos submetidos a uma miserável ilha,
Sem o maculado, ambicionado e estratégico lado de lá….