VIVA AO BOTO
Município de Cametá baixo Amazonas, localidade Bituba, localidade ribeirinha essa que se encontra as margens do rio Tocantins, foi em uma conversa que tive com um dos moradores antigos do lugar que ouvi um relato muito interessante, relato esse que conta um fenômeno que ocorre entre a vida dos pescadores ribeirinhos e o Boto, boto é um animal mamífero aquático que se encontra nas doces águas dos rios amazônicos. Tal animal tem uma importância muito grande na vida dos pescadores. Quando os pescadores constroem seus cercados de finas “varas nas encostas dos barrancos nas margens do rio com o intuito de pegarem peixes na baixa da maré, ao boto cabe o papel de pressionarem tais peixes até o cercado para que os mesmos se tornem prisioneiros, aos peixes só existem duas opções, sendo elas serem engolidos pelo mamífero aquático ou se refugiarem no cercado. O boto em si em bando aterrorizam os peixes os cercam de todas as maneiras obrigando os a entrarem no cercado, uma vez que a tarefa foi concluído o boto fica de plantão vigiando o cercado até o pescador chegar para a coleta dos peixes, uma vez que o pescador chega o mamífero faz a justa cobrança dele, ele passa por debaixo da canoa, ele pula, ele assovia, ele cobra o peixe dele, ele cobra a retribuição pelo serviço prestado na encurralacao dos peixes no cercado. Então o pescador na sua sabia visão de consciência escolhe os mais bonitos e grandes peixes para presentear o boto pelo belíssimo trabalho de cooperação. Segundo o ribeirinho, a melhor maneira das localidades, comunidades ribeirinhas e até mesmo a cidade de Cametá, sempre terem peixes é dado ao fato dessa parceria entre homens e o Boto. O ribeirinho diz que quando o pescador age de boa fé com o boto, fazendo a partilha correta, na mesa das famílias nunca falta peixe, pois o mamífero está sempre trabalhando em parceria, mais uma vez que a partilha não é feita corretamente ou até mesma quando ela não existe o boto não se agrada, se enfurece, faz bagunça e abandona o pescador e vai em busca de parceiros que façam a partilha justa. Viva ao boto por isso, viva ao boto pela preservação dos peixes dos rios onde os mesmos habitam. Ai você deve estar se perguntando, como assim viva ao boto pela preservação da espécie, uma vez que ele é predador? Meus caros leitores para a resposta da indagação feita a pouco, eu tenho a seguinte justificativa com base no relato ribeirinho. O ribeirinho na sua infinita sabedoria disse que são gratos ao mamífero pela preservação da espécie, porque os mesmos de uma certa maneira protegem os pequenos cardumes, pois quando os homens perversos, lançam suas redes de pescas no rio, eles não se importam quais peixes e quais tamanhos de peixes vão pegar, eles querem é pegar independente do tamanho ou quantidade então é nessa falta de consciência do homem que o boto tem uma importância muito grande, pois na sua visão de animal uma vez que o pescador não lhe paga pela cooperação da captura dos peixes lá no cercado, o boto rasga as redes dos pescadores em busca de peixes e nisso ele deixa grandes furos nas malhas deixando desimpedida a passagem dos peixes menores, mediante a tal relato vi nos olhos do ribeirinho a indignação por existir seres perversos que indignados com o prejuízo gerado pelo boto fazem uso de armas de fogo, para dispersar o animal na hora do flagrante sendo que as vezes acabam abatendo o animal, nesse trecho do relato fiquei a pensar quem seria o mais animal da história.
Viva ao boto pelo peixe fresco na mesa dos ribeirinhos e não ribeirinhos a cada dia.
Viva ao boto pela preservação dos pequenos e indefesos cardumes de peixes.
Viva ao boto por nos ensinar como se faz um trabalho em parceria.
Viva ao boto pelo fato de nos ensinar que temos sempre que ser justos em nossas partilhas em nossos negócios e que pensa somente em nós e esquecermos de quem nos ajudou não é uma boa opção. E que tal esquecimento pode nos causar grandes consequências.