O filho de José
Está certo. Eu não sou filho de carpinteiro, nem afilhado, minha mãe não se chama Maria de Nazaré e sim Marinalva, filha de Sebastião, que não era da Galileia, mas lá de Pernambuco mesmo.
E eu também nunca caminhei ou estive sobre as águas (até que gostaria. Nem que fosse de Jet Ski, Prancha de Surf, Chalana...), nem curei qualquer tipo de doença alheia, a não ser as minhas próprias, comprando remédio na farmácia ou pegando de graça no posto depois de cinco horinhas de espera - nunca multipliquei vinho, pão, quiçá dinheiro na Poupança, no Tesouro Direto... Pra ser honesto, multiplicação aqui, só de boletos pra pagar no final do mês.
Porém -, apesar de não ter andado sobre as águas, nem ser filho de carpinteiro - eu andei me enxerindo a pedreiro, levantando umas paredes de tijolinhos baiano por aqui, fazendo Contrapiso, quebrando parede pra passar Conduítes, entre outras coisas do tipo. (Agora eu entendo porque é quase obrigatório esses caras tomar Uma com Limão depois de um dia de serviço: tem que dar uma anestesiada, senão, não tem santo que aguente o tranco!).
Santo... Na certa José quis botar Jesus como ajudante, pra fazer a Masseira, carregar bloco e areia pra dentro, e Jesus que não era besta, deu foi é no Pé. Preferiu viajar pelo mundo, espalhar a palavra, não a massa. Edificar o homem, não as casas. Porque, olha, vou te falar uma coisa, eita servicinho pesado do diabos! Só Jesus na causa! (Claro, se ele não tivesse fugido da causa lá atrás, deixado José na mão).
Apesar que, eu entendo Jesus, não julgo, não. Fora que só Deus pode julgar, né. Se realmente não for Mal de Parkinson, Deus sabe o que faz, ele escreve certo por linhas tortas.
E falando em torto... Não é que as paredes que estou levantando estão ficando boas, retas, no famoso prumo. Aleluia, Jesus!
(Perdoai essas croniquetas, senhor, eles não sabem o que escrevem).