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Forno de barro

 
Penso eu que a beleza da vida está mesmo na riqueza da simplicidade, no sentido mais sólido dessa palavra. Invadiram-me as lembranças de décadas passadas nessa manhã fria de BH e senti-me agasalhada pelo longínquo forno de barro com suas brasas de um vermelho intenso,  brasas essas , sinônimas de vivacidade  em tempos tão dolorosos!  A fumaça se despedindo pela chaminé  sinaliza para mim  que tudo há de se passar, por mais penoso que possa parecer. Pedi  licença a essas observações poéticas e fiz uma  breve pesquisa  sobre essa preciosidade que a mim muito me encanta, o forno de barro. Há relatos de que em 181 antes de Cristo, os povos começaram a construir fornos diante das necessidades básicas para a sobrevivência.  Inventado pelos egípcios, ateavam-se fogo dentro do forno e grudavam-se os pãezinhos do lado de fora. Estavam assados quando os pães se desgrudavam do forno e caíam; em seguida repetia-se o processo para assar o outro lado do pão. Estima-se que o pão surgiu  há mais de doze mil anos na Mesopotâmia, juntamente com o cultivo do trigo. Na antiguidade, os pães funcionavam como uma espécie de salário, pois os camponeses recebiam três pães por dia e dois cântaros de cerveja pelos serviços prestados. Aprecio esse dinamismo dos tempos e quão valorosos foram todos esses povos, sejam eles de quaisquer nacionalidades.

Quantos pães e quitandas diversas alimentaram nossas infâncias através dos fornos artesanais, quão requintados eram esses momentos de afetuosidade, cumplicidade ,  guardados    em caixinhas peroladas e vez por outra lustradas, polidas com muito esmero.  De formato cônico, teto curvilíneo, uma porta que dá passagem à lenha, combustível essencial para  transformação em brasas que continuam ardendo em minha  memória,  fina história! Lembro-me perfeitamente que antes de colocar o alimento, recostavam-se as brasas junto às laterais, deixando livre a superfície do meio para ali se aconchegarem as mais finas iguarias. Posteriormente a esse processo, eram recebidas quentinhas pelas mãos de nossas avós, nossas mães, cenário de pura poesia! 

Tornou-se o forno de barro obsoleto? Passam -se os dias, com  a alta tecnologia basta girar um botão e pronto - tudo ajustado. Dizem por aí que os atuais fornos moderníssimos só não falam, uma questão de tempo, suponho eu. A tecnologia tem seu grande valor e como tem, embora o controle para manter os alimentos saborosos dependia da sabedoria, da sensibilidade de nossos antepassados, encantados,  tão amados...

 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 23/06/2021
Reeditado em 23/06/2021
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