Carta para um desconhecido
Este texto é baseado em algo real e que ocorreu no ano passado, um pouco antes de entrarmos oficialmente em pandemia.
Fui até uma lan house de uma amiga, pois, estava precisando; nos conhecemos de longa data e sempre que vou lá aproveitamos para colocarmos a conversa em dia.
Quando eu já estava quase saindo de lá, após pagar pelo serviço que utilizei, passa pela calçada em frente à lan house um homem... Negro, altura mediana, camisa e calça social, sapatos e segurando em uma das mãos uma valise de couro e um envelope de plástico, destes que cabe uma folha A4 dentro.
O homem para em frente ao local, nos vê e fala com uma voz calma que misturava Francês e Português, ou seria Português e Francês? e fala: - "Eu preciso ajuda com o Correio".
Eu e minha amiga nos entreolhamos calados como se perguntássemos um para o outro de forma telepática: - "você está pensando o mesmo que eu estou pensando?" e, automaticamente em uníssono falamos ao desconhecido: - "Pode entrar".
O homem entra, posiciona-se próximo a mim coloca o envelope sobre a mesa que estava à frente e explica que precisa preencher o remetente e o destinatário para o envio da correspondência. Minha amiga encarregou-me de realizar a tarefa e eu atendi prontamente e de bom grado. Ele alcança uma conta de luz, onde há seu endereço para que eu o copie; também um outro documento com o destino final da correspondência.
Enquanto preenchia o homem conversava um pouco conosco, não pude deixar de lembrar na hora, do filme brasileiro Central do Brasil, onde a personagem principal é uma escriba de cartas.
Preenchi todos os dados e dei o envelope ao homem para que conferice, ele afirmou que estavam todos certos e agradeceu a ajuda. Novamente despedi-me, desta vez dos dois e saí, nunca mais vi aquela pessoa, não sei se está bem neste momento pandêmico que estamos vivendo, enfim... nada. Espero que sua correspondência tenha dado certo e que seu assunto tenha sido resolvido.