70 dias sem ele.
Setenta é um numeral forte. Começa com s de saudade. Mas não sei se o que sinto por ele pode ser chamado de saudade. Dependência, costume, hábito, vício são palavras que se adequam melhor ao tipo de relação que tinha com ele. Relação tóxica, abusiva e que acabou. Teve que acabar. Eu acabei. Pus um ponto final na nossa relação. Durante muitos anos tivemos idas e vindas, muitas discussões, desentendimentos, fazíamos papelões, baixaria em público... O povo reparava, comentava! Mas já estava acostumado. De tanto nos ver juntos já haviam naturalizado esse relacionamento e nem imaginavam que um dia iriam me ver longe dele. Onde eu estava, ele estava junto. Era sempre assim. Pra onde eu ia, ele ia também. Se ele não estivesse em algum lugar eu ia de má vontade ou nem ia. Às vezes dava um jeito de levar ele ou de inclui-lo em locais que ele nem era bem aceito ou bem vindo só porque não queria ficar distante dele. Não conseguia relaxar se não ficássemos juntos: eu precisava dele.
Foi difícil reconhecer que não estávamos mais dando certo. É doloroso demais vê-lo ao lado de outras pessoas, fazendo outras pessoas felizes. Eu ainda não consegui superar. Principalmente quando estou entediada ou triste ou mesmo solitária. Fico pensando nele e relembrando os bons momentos que já tivemos juntos. Mas no fundo eu sei que esses bons momentos não existiam mais. São só lembranças. Pois há muito tempo a nossa relação se transfornou em algo prejudicial para mim e para todos os meus outros relacionamentos. E isso não é certo e não é justo porque ele é incapaz de suprir minhas necessidades afetivas e demais. Sem falar que ele me dava muita despesas.
Tenho muitos motivos para não reatarmos.