As gentes lenientes.
Fármacos alucinógenos mantêm flutuando os puros ossos, de bocas ressequidas… aquilo mais parece um funesto séquito, uma “zumbilândia”.
Os olhos fundos não conotam tristeza, talvez excesso de proeza, mas está mais para debilidade mesmo!
Ali as únicas coisas que dilatam são as pupilas e o tamanho da possibilidade de um voo áptero a partir de um viaduto e assim livrar o espírito de tão melancólico invólucro...
Roupas maltrapilhas desfilam num ambiente sujo, tipo pós momesco, quase apocalíptico, parecendo futurista ficção científica...
Seringas ensanguentadas, e tantos vítreos frascos pequenos ali descartados, depósito sanitário ao ar livre... tantos objetos abjetos, estranhos à sociedade careta, amontoam-se num psicodélico cenário... há milhares de tons de insensibilidade em tudo... gentes anoréxicas ao relento, ainda pior que isso, é a abstinência que os tornam indômitas feras em involuntários jejuns.
E dentro das tristes indumentárias, repetidas em todas as estações, há algo cor de cera...
- Mas é gente… gente!
Um cheiro estranho, asqueroso, se espalha pelo local, numa espécie de demarcação territorial fortíssima!
Avessos a banho, o rebanho quase não se desloca, mas não engorda, pelo contrário…
- Mas é gente… gente!
Tudo, tudo tão lamentável! Mas há quem ganhe com isso, principalmente nos lutuosos sufrágios...
- Mas também são gente… gente!
Valores! Limites! Benditos sejam os tempestivos nãos! Às vezes não há gente dentro da gente e nos tornamos responsáveis pelos insensíveis e viróticos impérios de práticas delirantes e inconcebíveis.
Gente, desiludam-se de vez, a leniência do casulo aleija a auspiciosa borboleta, que poderá sequer voar… isso é muitíssimo sério, gente!