PAI É PAI

Na sociedade, especialmente como a brasileira, o papel da mãe é crucial. Aliás, ela é sempre a figura mais importante da família, o aconchego, a união, o carinho e o sacrifício. Muitos pais só querem o bem bom e, depois, somem ou ficam emprestando apenas aquela colaboração mínima para cumprir a lei, aliviar a culpa e ostentar o título. A vida é dura para todo mundo, mas, de um jeito ou de outro, são as mães que acabam carregando o piano, tentando proteger o filho. Observo alguns casos em que, por ausência ou ínfima participação paterna, o piá vai sobrevivendo, ajudando a mãe e, eventualmente, faz sucesso, destaca-se. A primeira coisa que faz, com muita justiça, é contemplar a mãe e irmãos. Talvez o pai tenha até falecido muito cedo, em virtude de sua complicada vida. Pessoas que se criam assim, só à base do carinho materno, às vezes não têm referências significativas, limites, disciplina. O pai geralmente é o NÃO, a autoridade doméstica que impõe restrições, estímulos e desafios, desde que não seja grosseiro ou brutal (o que já é outra história). Também, em boa parte, o pai figura como provedor principal da família, o que pode propiciar meios mais efetivos de respeito e admiração. Não necessariamente, mas pode. Cada genitor, enfim, tem um papel especial a desempenhar na família tradicional, ainda que haja casos de pais bonzinhos e tolerantes e mães severas, dominadoras, difíceis e não muito afetivas. Atenho-me ao modelo familiar clássico: é assaz complicado para qualquer deles fazer corretamente o seu papel e também o do outro. Quando pessoas jovens cometem excessos e loucuras, ocorre-me pensar na falta de pai ou daquele que lhe fizesse as vezes. Naturalmente que sempre existirão filhos rebeldes, abilolados e incorrigíveis e aí não existe uma explicação fácil. Mas, via de regra, muitos desvios de comportamento devem-se a esta carência gregária básica. Pai pode não ser o esteio da família, mas exerce uma responsabilidade enorme, que os filhos necessitam vislumbrar. Mãe é insubstituível, mas pai é pai.