EFEMERIDADES
“Um dia, tudo muda, tudo passa e tudo acaba, com a mesma velocidade do antes começar”.
Carlos Silva.
Há um renovo no mundo para que outros se multipliquem se espalhem e tenham boa parte dos mesmos sonhos que nos sustentara o caminhar, das aspirações, desejos e vontades que muitos de nós também já tivemos.
O rosto, sede as rugas, o espaço que era de pura jovialidade, o riso, tudo agora é mostrado sob a proteção de próteses dentárias onde muitas vezes ao conversar e expor uma alegria além do normal, ela quer saltar e ridicularizar aquele que um dia exibia a sua alva e bela dentição.
Tudo gira em fator de um único fato: PRESTAÇÃO DE CONTA DE TUDO E POR TUDO QUE UM DIA VIVEMOS.
Se fomos tão vaidosos ao extremo, o que fazer com todas as coisas que tentamos acumular por um capricho exibicionista que POR ALGUNS INSTANTES, enganavam até a nós mesmos?}
A essência do perfume acaba, a ação protetiva do desodorante que promete maior eficácia (e por mais caro que ele seja), logo perde seu poder e somente um banho PODERÁ RECUPERAR UMA LIMPEZA PARA QUE VOLTEMOS UTILIZA-LO COMO FRESCOR E CHEIRO SUAVE A QUEM AO NOSSO LADO ESTIVER.
O Homem, vai deixando de se achar tão importante, pois os jovens estão chegando para ocupar os seus espaços, numa concorrência tão veloz, que o ontem dos nossos tempos, torna-se o agora desses aspirantes que tem o mundo atual aos seus olhos, cérebros e corações.
As mulheres, aos poucos (sem perder o charme visual) vão deixando de ser GOSTOSAS, e já não chamam mais a atenção dos Homens pelas sinuosas curvas que há tempos atrás provocava o capotar de tantos corações, e os pescoços faziam contorcionismo para vê-las passar.
Tudo passa.
O trilho fica e somente as rodas do trem é que se movem e avançam, com uma relação mais confortável que a gente: ELES PODEM VOLTAR. Nós, só temos um ticket de passagem de ida e os nossos trilhos são arrancados dos nossos pés a cada caminhar.
NEM AS FLORES, NEM O SEU PEREFUME, SEU ENCANTO, NEM O AMOR, E NEM MESMO A VIDA, É ETERNA AQUI NESSA TERRA.
O que restará de ti e de mim? A frustração, a culpa e a condenação por não termos feito o que queríamos fazer, por ter sufocado as vontades, os desejos e as loucuras de não ter se atirado por conta dos pudores proibitivos, esses mesmos que castram a nossa felicidade e tiram de nós a oportunidade de sermos felizes ao menos por alguns instantes, ao ponto de saborearmos uma liberdade que tanto nos priva do viver mesmo que ela venha em forma de um relâmpago. Sim... tudo passa.
Eu não posso gritar para não perturbar meu vizinho, mas o meu vizinho grita, xinga, ouve péssimas músicas sem se importar comigo, e aí eu me pergunto: POR QUE SOMENTE EU TENHO QUE RESPEITAR AS NORMAS E OS TABUS?
Eu quero o gozo do grito, liberto e libertino, eu quero percorrer léguas sem pensar se estou no caminho certo, pois os caminhos certos quem farão serão os meus pés e as minhas vontades que impulsionarão a minha teimosia, a minha ousadia e o tesão que ainda me resta pra viver e dividir numa cumplicidade de prazer.
Não quero gozar sozinho... não teria graça nenhuma, não quero morrer de tédio carregando os epitáfios do sentir no amanhã as cobranças das frustrações.
Eu! eu hei de viver sorrindo, porque chorando eu nasci. (Aqui parafraseando meu amigo violeiro AZULÃO BAIANO, in memoriam – Lá da cidade de São Jorge dos Ilhéus).
Não, não me venha com seus falsos moralismos, guarde-os sob teus dominios castros,fique aí você com suas vontades retidas e caprichosas, pois o sol, independente de você querer ou não, já despertou e me fez refletir sobre as mudanças que o tempo faz em nossas vidas, e das lapidações necessárias que precisamos fazer para entender que o viver, está na liberdade do respeito a si mesmo em avançar sinais de quando em vez, para que fiquem para trás apenas as luzes dos faróis que já passei. Não! não me condene, pois nem você e nem o mundo, teria o cetro da competência estendida para fazê-lo.