Do Aroma de Café ao batente da Porta
Do Aroma de Café ao batente da Porta
Eisntein, Lavoisier, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Sócrates, Darwin, Santos Dumont, Tolkien e outros poucos, mandaram dizer aos interessados, inteligentes e desinteressados, que existem gênios sem doutorado e um montão de doutores sem um pingo de genialidade.
Àquele que têm os pés cascudos na terra e as mãos calosas na enxada, é matuto original, sertanejo do grotão que não nega suas origens; e semelhante as árvores, devido as raízes esparramadas na verdade, sustentam sua prosa imaculada.
Nos discursos desses Seres abençoados pela Natureza, a palavra trabalho é lei máxima. Aliás, seguem à risca o aforismo que pontua "que o trabalho enobrece o homem". E como são sensatos, sensíveis, nobres!
As noites e os dias regulam o cotidiano dessa gente: clareou, põe-se de pé. Escureceu, automaticamente o corpo pede cama; e os olhos caem, adormecidos. Também puderas, após um dia trabalhado exaustivo, laborioso, dormir bem para repor as energias, é preciso. A consciência e a sensação de dever cumprido agradecem!
A rotina cotidiana segue um ritual tácito; pois, desperto para a labuta, ligam o rádio no programa relacionado às coisas do sertão e caminham para beira do fogão. Das caixas, vem a inspiração: "meu cafezal em flor, quanta flor, meu cafezal. Ai menina, meu amor, quanta flor, meu cafezal".
A felicidade contida em cada instante e o sorriso interiozado, arremetem-os ao eterno. Cada hora, cada dia é único; porém retornará amanhã!
As brasas cobertas com cinza estão apostas para o sopro do renascimento. Sobe o vermelho da erupção ígnea. Cuidadosamente passa o café; e o cheiro característico do líquido acelerador das células neuronais invadem os ambientes. Concomitantemente ao café que acabara de passar, a aurora e o rebuliço da passarada dão sinais lá fora. Para não haver perda de energia, é hora de planejar a lida; fato que torna o homem do campo muito mais disciplinado, ordeiro, cumpridor, que o atleta corredor em túneis de concreto das megalópoles.
Encosta no batente da porta, chama no canto da boca uma porção de tabaco desfiado na palha de milho; e pensa quais serão as tarefas do dia. Os trabalhos mais domésticos, como alimentar as galinhas, os cães, patos e porcos ficam por conta dos filhos e esposa. Para o provedor, ficam as tarefas de tirar leite, lavar o curral, limpar as trilhas e estradas, arrumar e manter as cercas em pé. Na roça, trabalho é o que não falta.
E onde há trabalho honesto e verdade absoluta, plantando a semente da esperança, Deus aduba o solo. Tanto é, que o Criador, através de seu filho disse "que Ele é o caminho, a verdade e a vida"; e o matuto sertanejo não acredita em outra coisa, a não ser nisto. Pois acima de tudo, o verdadeiro e original caipira é fiel praticante de Deus; e não dos dogmas impostos pela religião.
Bem sabe o sertanejo que religião e Deus não habitam, não dormem debaixo do mesmo teto, não cabem no mesmo crânio.
Mais: a Criatura que exercita e pratica o requerido por Deus, normalmente não perde tempo em entendê-lo; e isso é tudo para o Criador e enquanto contempla as belezas naturais, enquanto os olhos se perdem na divagação horizontina, a lei imutável para o Sertanejo que lida com a terra, é ser feliz com pouco.
Soma-se ao mencionado, que da vida, nada se leva; em contrapartida, legados transparentes, bons exemplos e obras admiráveis, é tudo que deixam!