A inversão da cultura

José Ribamar Ferreira, conhecido por Ferreira Gullar, é um consagrado escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro. Nasceu em 10 de setembro de 1930, em São Luís, Maranhão. Faleceu em 4 de dezembro de 2016, Rio de Janeiro. Estudou na antiga Escola Agrotécnica Federal – MA; hoje denominada Colégio Agrícola do Maranhão. Não tinha curso superior. Dizia que antes de se tornar escritor, leu muita gramática e literatura.

Foi um dos fundadores do movimento neoconcretismo, uma escola literária em que se escreve poesia na forma de palavras separadas e na ordem de colunas verticais ou transversais. No auge da sua carreira era considerado o maior poeta vivo. Tomou posse na Academia Brasileira de Letras em 05-12-2014 e ocupou a cadeira 37 deixada por Ivan Junqueira.

Certa vez o ouvi dizer na televisão que gostava de fazer caminhadas na orla das praias do Rio de Janeiro para se exercitar, respirar ar puro e ter contato com as pessoas, mas que nunca era conhecido como escritor, mas visto como um velho apenas. O fato de já ter participado de muitos eventos literários pelo país não o fazia visível à população. Na verdade, vivemos num mundo midiático em que só são visíveis as pessoas de boa aparência ou que ostentam poder ou riqueza.

Jorge Leal Amado de Faria ou Jorge Amado, é considerado um dos maiores romancistas do Brasil de todos os tempos, com muito de seus romances adaptados para o cinema, teatro e televisão e traduzidos em 80 países, em 49 idiomas. Jorge Amado vinha sempre à Goiânia para tratar de problemas na visão. Certa vez ao descer no aeroporto de Goiânia foi preterido pela Adriane Galisteu, que estava no auge da fama e namorava o piloto Ayrton Senna. Jorge Amado passou sem ser notado, enquanto que a beldade era cercada pelos fãs e por jornalistas.

A mídia ainda dá mais foco a escritores e poetas estrangeiros. Pelo visto, o problema da invisibilidade ocorre com todos os autores brasileiros – até com quem é consagrado. Os leitores brasileiros também não valorizam os autores brasileiros, preferem ler livros de autores estrangeiros, que são os mais vendidos. Por outro lado, há uma grande parte da população que não gosta de ler, por ter pouca leitura, o que é normal.

Há também quem tem formação e é a avesso à literatura, por achar a mesma supérflua. Certa vez alguém me disse: Alonso, o que você ganha em escrever livros e algo mais. Eu respondi: Ganho em sabedoria. O problema não é valorizar quem gosta de escrever, mas, não incentivar as nossas crianças para o mundo encantado da literatura. Enfim, temos que valorizar a nossa Cultura, porque cultura é memória de um povo, de uma nação, e nos traz sabedoria e desenvolvimento social e nos protege da insanidade mental e da violência.

Goiânia, 15-02-2021

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 14/04/2021
Reeditado em 14/04/2021
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