GRANDES HOMENS
Nada como uma situação-limite, uma grande crise, um naufrágio do Titanic para desmascarar o vilão ou exaltar o homem simples. Homem ou mulher. Tenho lido notícias de pessoas tidas como importantes praticando baixarias no aprêmio. A hora H desnuda. Claro, sempre foi assim, “quid novis”? Bem, como sou crítico e iconoclasta, não me surpreendo. Aliás, até espero atitudes frouxas de quem deveria muitas vezes agir com firmeza. Quer dizer, com responsabilidade e caráter. Mas, para que se incomodar quando a omissão é mais conveniente e vantajosa, não é verdade? As pequenas coisas do dia a dia são normais, acontecem e tudo bem. Agora, quando se fala em personalidades ilustres, de qualquer área, é de chorar. Não estou cogitando somente de política, não, mas de qualquer função ou atividade que deva observar normas e comportamentos. Sobre política, aliás, na “Biografia Definitiva de Salazar”, o ditador português, leem-se os registros a seguir. Em 1965, em visita ao Brasil, Ministro dos Negócios Estrangeiros lusitanos diz: “Com o Brasil, tudo é difícil, parece um rio de grande caudal, impetuoso e ruidoso, que se precipita e abisma num areal e aí tem sumiço. Tudo leva a nada”. Salazar teria dito no início da década de 50: “Tenho negociado e tratado com todo o mundo, desde os ingleses aos japoneses, mas com o Brasil não sei o que é, não se apura nada. É mensagem pra cá, mensagem pra lá, e nada”. Charles de Gaulle nunca disse que “O Brasil não é um país sério.” Pode até ter pensado. Mas a questão se espraia até o cidadão comum – uma parte, é óbvio. Quem verdadeiramente repele a “Lei de Gerson”, mesmo quando nenhuma atenção se volte para ele (Não sorria, você não está sendo filmado)? Aqui é assim, no mundo desenvolvido é assado: difícil generalizar e construir uma justa hierarquia de procedimentos, ainda que estejamos na base da pirâmide. O que desejo dizer, em suma, é que precisamos ir devagar com o andor, porque o santo é de barro. Seja este ou seja aquele, em todas as áreas. Se a gente conseguir galgar alguns degraus, isto sim será progresso e os “grandes homens” precisarão, ao cabo, comportar-se melhor.