MORADORES DE RUA

As estimativas disponíveis apontam cerca de 2.700 pessoas, embora eu creia que o número seja maior. Há cidades com população inferior em nosso Estado. É uma lástima, um malefício do nosso sistema econômico, social e institucional. É verdade que uma parte é de gente drogada, bêbada, absolutamente desajustada e insubmissa às normas básicas do convívio em sociedade. Mas não justifica uma política estatal anêmica e ineficiente. É uma questão crônica, mas que adquire peso quando está em jogo a saúde pública. A grande maioria não pega nem “gripezinha”, mas transmite vírus interplanetários: vejo por estas bandas a mesma turma em boa forma, com os hábitos costumeiros. Máscaras? Nem pensar. Distanciamento social? Só quando você o impõe. E dormem por todos os cantos, por onde circulam famílias, crianças, idosos. E jamais observei qualquer ação de vigilância sanitária. Eu acredito que o agravamento da pandemia deveu-se muito a exageros e desatinos festivos de final de ano e das férias, com carnaval, mas a higiene urbana não pode ser desconsiderada nas políticas públicas. Claro, são questões diferentes, mas ou se age com eficiência e seriedade em todos os campos, ou o preço social será enorme e sempre haverá descrença. O que, enfim, desejo assinalar é que não basta dar “auxílio emergencial”, decretar lockdown, liberar isto ou aquilo; é preciso um conjunto de medidas conjugadas, humanas, técnicas, capaz de produzir resultados. De outro modo, o número atual de sem-teto poderá facilmente multiplicar-se, abrigando sempre o Novo Corona ou quaisquer outros vírus.