FIM DE UM CICLO

Parece que, em virtude da pandemia e do desconcerto geral deste mundo em que vivemos, estamos lentamente encerrando um ciclo, sepultando uma era. Não é como aconteceu com o fim de Pompéia, nas cercanias de Nápoles, no ano 79, Império Romano, com a erupção do Vesúvio. Agora é apenas o esgotamento de um tempo, de um modo de vida, ultimamente errático em valores e objetivos. Parece. Não sei se é bom ou se é ruim, mas faz parte da dinâmica histórica. Possivelmente surjam coisas muito melhores e animadoras, um novo mundo, sei lá. Eu estou pronto para qualquer parada, inclusive para não acompanhar o requebrado de uma nova dança, afinal, aprendi, desaprendi, adaptei e recuperei muitos e muitos voltejos. Fadiga um tanto. Novidades são boas, mas não a ponto de romper hábitos que já se tornaram fundamentos do indivíduo. A propósito de coisas novas, retomo a narrativa seguinte. Minha mãe contava esta história, especialmente quando encerrava algum programa bom, mas cansativo. Quando lançaram a Coca-Cola no Brasil, minha avó Aldina Ghisoni de Matos, ou apena Vó Dina, decidiu levar suas duas filhas, Maria do Carmo e Izabel, a certa confeitaria importante do centro de Porto Alegre, provavelmente a Confeitaria Colombo do Largo dos Medeiros, para, afinal, degustar o produto de grande sucesso internacional. Pediram as três Cocas, sentadas à mesa para sorver o delicioso líquido, com canudinho e tudo. Parece que a Vó também curtiu, mas seu comentário, após a liturgia da bebericação, foi assaz significativo “Graças a Deus, terminei minha Coca-Cola”. Ficou como lição.