AO DESCONCERTO DO MUNDO

Só estou apanhando este verso do soneto lírico de Luís de Camões para dizer que ando pouco alentado para o mundo em que estou vivendo. Muita ignorância, ambição, negligência e incapacidade. Quanto à pandemia, quero apenas ressaltar o esforço de bons cientistas, médicos e operadores de saúde, mas lamentar a desorganização e os desacertos gerais. Constato, também, no dia a dia, pouca civilidade e irresponsabilidades espantosas – de cima, de baixo, de todos os lados. Tenho boas expectativas com relação à geração dos netos, mas estou convencido de que a minha geração – por A ou por B – falhou. É assim que se constrói a história da humanidade. Peço escusas pelo que deveria ter feito melhor e não fiz. Somos também frutos de vários equívocos do passado. Algo de bom realizamos, é claro. Mas a gente já foi mais idealista e combativo. Como se diz, não adianta “chorar as pitangas”. Passou. Não quero entrar em detalhes sobre o panorama político, jurídico ou econômico nacional ou internacional, pois são temas por demais badalados, cujas análises até me constrangem. Estou planando filosoficamente, que é, a meu ver, a coisa realmente importante. Já tive mais gosto para escrever, debater ideias, dar alguma opinião, mas não tenho agora tanto ânimo. Prefiro falar de cachorros, vinhos, família, velhas amizades ou de lugares atraentes e acessíveis no tempo presente; até mesmo dos pouco acessíveis. Tenho assistido a filmes ou séries de menor qualidade pela televisão, pois a pandemia pôs um freio na produção artística. Não assisto à TV aberta. Só leio jornais eletrônicos, apenas com o fito de não sobreviver na escuridão, mas costumo achar graça no que leio. Perdi muito do vezo de ficar revoltado. Mas, sou otimista, tudo é momento, até os veteranos se reinventam.