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(Imagem do Google)

Brasil invisível
 
A equipe de reportagem da TV Cultura encontrou o jovem Arthur Moreira Gomes, de 22 anos, tocando piano na Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Arthur é um daqueles ilustres brasileiros talentosos que não são vistos, não são observados, a não ser em momentos inoportunos no que se referem à estupidez cometida aos jovens que se encontram no finalzinho da raia  de uma sociedade extremamente maléfica, cruel.

Nascido em Goiás, como tantos outros conterrâneos seus nessa pátria menos gentil, conheceu o abandono em tenra idade. Nunca teve contato com os pais, aos 12 anos foi adotado e aos 17 fugiu de casa. Atualmente vive numa ocupação na região central de São Paulo. Até o momento da reportagem, em dezembro de 2020, Arthur compôs quatro músicas de sua autoria, que nunca foram registradas em notas de partitura, ou seja, criadas e ensaiadas por ele.  Arthur compõe e interpreta suas músicas em pianos que encontra nos espaços públicos de São Paulo. Ele diz que o piano é sua casa, se desse para morar dentro dele, moraria...

Segundo ele, começou a ter contato com a música aos 14 anos, assistindo a vídeos no "You Tube" e desde então ficou fascinado pelo piano. O pianista Marcelo Guelfi, comovido com o talento de Arthur, disse que o jovem é uma matéria bruta aos 22 anos. "Essa maturidade que ele toca, não tem se você não estuda. Isso é uma coisa dele, de dentro dele", afirma. Após a reportagem, Arthur ganhou um piano para praticar em casa. Apoiadores prepararam uma contribuição virtual para financiar  seus estudos  e garantir uma bolsa para que ele se mantenha durante esse período. 


Nestes tempos modernos, confinados, em que a ciência é escorraçada à luz do dia, onde os duelos pelo poder são de causar inveja aos longíquos greco-romanos, o ruído de Arthur se aconchega em nossa alma, tal qual uma prece, nos aquece! Quanto afeto, cumplicidade estão contidos num abraço, temporariamente abnegado, à espera  do desatar desse laço, quisera eu, enriquecido ao som de Tom Jobim e de quantos mais "Arthur",  desabrochando-se nas cercanias desse Brasil que matiza em cores vivas nossa sensibildade, seja ela em qualquer idade!  O canto do uirapuru silencia toda a floresta e  Arthur deixa nosso coração em festa...
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 07/02/2021
Reeditado em 08/02/2021
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