Palavra Solta - tristes caminhos
Palavra Solta - tristes caminhos
*Rangel Alves da Costa
A fotografia existe, mas não está aqui. Por cima da terra estão pedras, pedaços de pau, ex-votos, tocos de velas, restos de santos. Mas embaixo da terra estão restos de vidas, ossadas que no passado testemunharam a dor e o sofrimento da perversidade do cangaço nos sertões de Poço Redondo. Túmulos sertanejos, sepulturas já sem cruzes no meio do tempo, debaixo das sombras entristecidas do tempo. Aqui jazem João de Clemente e Zé Bonitinho, inocentemente mortos pelos cangaceiros Gato, Medalha, Suspeita, Azulão e Cajueiro, pelos idos de 32. Logo adiante está a capela de São Clemente, na comunidade de mesmo nome. E eu lendo neste livro doloroso da vida, e eu testemunhando neste passado tão aflitivo da existência, a história que jamais se apagará: a crueldade da morte na inocência da vida!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com