DONOS DE ALMAS/Balas invisíveis

Balas invisíveis, dedos ágeis, corpos que tombam e agonizam solitários até sua triste hora derradeira, algozes sinistros que não deixam marcas, e se deixam, sempre aparece alguém para apaga-las.

Olhos que lamentam e choram, sem saber a quem recorrer, uma vez que a lentidão da justiça não impulsiona o veículo da investigação, pois esta, sempre se encontra em ponto morto.

Morto, palavra fúnebre que exprime sentimento de dor, não tanto pela perda daqueles que se vão alvejados, mas pela inoperância da elucidação.

Viúvas gemem na dor irreparável desse sentir irrecuperável, mães imploram, pais enchem de lágrimas os olhos que antes nutria alegria ao ver seu filho entrar e sair em casa dizendo BENÇA PAI, BENÇA MÃE.

Onde estão os MICROSCÓPIOS NOTURNOS, que não enxergam as mazelas, se durante o dia as balas invisíveis também rasgam espaços e atingem corpos que tombam devido a tanta impunidade?

Desamparado, segue um povo com viseiras que impedem perceber de onde vem tantas balas invisíveis. Coveiros lançam os braços no labor em cavar tantas covas de palmos medidos com a certeza que descerá a sepultura, mais um corpo de atiradores ignorados que tal qual fumaça dos fornos a lenha que sobem das padarias, dissipam-se para desconhecidas rotas levadas pelo vento de tanta injustiça, que de tão injusta, jamais será tão justa como se esperava.

A violência descabida não chega aos foros, nem a julgamentos pois nunca se acham os culpados pelos atos que seguem em inúmeros casos que impunimente se alojam para o vão do esquecimento.

As historias são velozmente apagadas ao som das balas invisíveis, as vidas são ceifadas, por mandos de quem conhece os covis onde se agrupam os emissários de alugueis que a troco de pouca quantia, vão destruindo lares e as perdas se acumulam numa única pergunta sem se quer obter uma resposta que solucione a busca pela dita justiça: PORQUE?

Na terra onde a Lei é a impunidade, que justiça se espera para o seu povo que VERDADEIRAMENTE, ainda acredita nela, crendo que a balança tem o seu peso fiel, e que a máscara nos olhos dela é para dizer que todos são iguais perante a Lei e que a justiça tem de fato de ser cumprida.

Pobre povo de fardo nas costas subindo a ladeira que de tão íngreme fere os seus pés que sangram com a certeza que tem que continuar a sua caminhada, torcendo para que uma dessas balas invisíveis, não lhe toquem o corpo e faça sua alma dormir num local a esmo sem saber quem seja o seu executor.

Vivamos, com a sede de justiça, e não com a gana da vingança que por vezes nossos corações anseia praticar, pois se o homem é falho no seu proceder, creia, um Advogado maior, está escrevendo no livro da vida, a sentença para cada um daqueles que se acham DONOS DE ALMAS.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 25/01/2021
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