OS CAMINHOS DOS SONHOS.

Onde estão as poesias que te escrevi, os versos soltos que declamei ao final de uma tarde em sol poente? O que fizera das poesias em versos de rimas tão belas que a ti eu dediquei? O que fizera do sorriso que encantava teu rosto e embelezava os olhos de quem te mirava com a candura estampada e o prazer de te reparar? Onde foi parar aquela tão eloquente doçura dos gestos nos olhos que tanto me encantavam ao vê-los tão perto dos meus?

Os sonhos evaporam, e tal qual nuvens, dissipam pela força de uma corrente de vento que os arrastam para bem longe, tão longe que por vezes, não temos forças para correr atrás para tentar recupera-los.

Guarda-los no pensamento, na lembrança, na saudade e na vontade é o mais perto destes que podemos chegar.

Para onde vão os nossos sonhos, quando não os conquistamos e os deixamos escapar?

Talvez até nos culpem pela frustração de ter permitido de alguma forma que ele se distanciasse de nós.

A culpa não é dos sonhos, mas sim de nós mesmos que não soubemos alimenta-lo e tê-lo sob nossa guarda como se fosse uma custodia permitida para aqueles que ainda sabem sonhar

Tem sonhos meus, que utilizando as frestas dos meus permissivos relaxos e descuidos, foram embora há 50 anos e nunca mais os pude revê-los.

Gostaria de saber como estão, por onde estão o que fizeram, se encontraram outro ser mais envolvido na luta da preservação em guarda-los com o máximo de cuidado e carinho.

Sinto saudades dos sonhos que eu sonhava e que os nutria desde a minha adolescente forma de vida, onde tudo era cabível no sonhar, pois os descompromissos com as realidades da vida eram imensos e deles eu me fartava por não ter a cega obrigação de levar tão a sério a vida que há tempos já deixamos seguir por outras veredas, pegando outros atalhos para seguir e sumir do nosso alcance.

Quem Sabe um dia, eu ainda possa encontrar com aqueles sonhos que se foram. Mas se isso não for possível, valerá sempre a satisfação sentida em um dia tê-lo bem mais perto de mim.

Carlos Silva