sobre aulas de aulas de ballet, tranças e o jogo de Uno
Amanheceu. Logo que acordei pensei em minhas filhas. O dia raiou dizendo "o sol de verão brilha mais". A paternidade é um novo dia a cada dia que esse dia nasce. Fui andando pela rua, indo para a estação e concluí: amo estar com elas.
O ano mudou, virou. O amor é o mesmo. Na verdade não. É maior. Bem maior.
Elas são filhas. Jóias raras. Em pleno crescimento, curiosidade, força e doçura, tudo junto. Aprendem e me ensinam toda hora que estamos juntos. Tal qual aprendi sobre aulas de ballet, tranças e o jogo de Uno, de cartas. E tudo mais o que um pai de meninas pode aprender com elas.
E lá se foi 2020.
Ficamos muito perto neste ano doido. Ano bagunçado. Revirado. Mas o amor que sinto e manifesto a cada minuto, não ficou bagunçado. Foi e continua sendo o maior amor que pode existir em uma pessoa, em mim, para elas. Sempre o máximo possível de mim e assim será.
Dias bons. Dias nem tanto. Igual as aulas de ballet que as levava antes da pandemia. Lições de disciplina a cada aula, disciplina e leveza. Força, equilíbrio, concentração. As crianças na escolinha de dança se dedicam muito. E oscilam entre a desenvoltura de passos clássicos de ballet e a alegria de quem está brincando. Assim deveria ser a nossa rotina: Ah!! Que possamos ver alegria mesmo naquilo que exige de nós tanto esforço.
Entardeceu.
Sim, estando com elas, contribuo para o mundo ficar bom. E, lutando pro mundo melhorar, ajudo com um ambiente mais agradável ao nosso redor, pra todas as pessoas, toda sociedade, inclusive elas.
Lembro de como é bonito aprender a cuidar do cabelo delas. Fazer coque ou trançar. Exercício de paciência. Na vida é assim também, não importa tanto o resultado final das coisas, mas o "jeito de fazer", o chamado "modus operandi" ... um misto de “como se faz” com “o quê se faz”. Crianças nos mostram. O adultocentrismo nos impede de vivenciar isso.
Noitinha que cai.
Ana Teodora e Mariana, pedaços de mim. Uma professora querida uma vez me disse: "com a paternidade seu espaço, lugar e tempo nunca serão igual" Dito e feito. Nada mais é ou será igual ao que um dia já foi. Tudo se transforma. Você se transforma.
Não é segredo. Todos sabemos o quanto é bom construir memórias afetivas e lembranças boas. Mais ou menos como reservar uma tarde livre para um joguinho de tabuleiro ou um jogo de cartas, como é o jogo Uno. Se você nunca jogou, jogue Uno. A gente registra o momento em si, de estar ali, joguando, e não a vitória ou a derrota, meros detalhes. Quem está jogando Uno sabe a graça de cada jogada, números, cores, invertidas… a espera, a risada, a surpresa. Tudo de bom. E quando acaba, quer o desafio de jogar de novo. Queira aprender.
A paternidade é presente inigualável. É afeto para sempre, é certo. Tão certo quanto a manhã de amanhã, que virá plena e reveladora de um novo sorriso meu e delas. Certinho como noitinha que cai após o entardecer. Sempre será!
para Mariana e Ana Teodora, amoras da vida
verão 20/21