NATAL DA PANDEMIA
Para muitos, este será um Natal inesquecível. Na Inglaterra, até 30 de dezembro, foram adotadas medidas de rigorosas restrições, inclusive relativamente a eventos natalinos familiares. No Brasil, continuamos a ter de observar normas que muito limitam o convívio e a confraternização. Vejam que não estou emitindo juízos de valor e nem questionando tal ou qual política sanitária, pois nem sou do ramo. A questão aqui é outra, seja você mais ou menos radical. Nunca me ocorreu que, um dia, deveria enfrentar tantos cuidados e contenções impositivas. Nossa última pandemia foi de 1918 a 1920, em tempos imemoriais. Estou vivendo, portanto, momento inusitado e sério. Independentemente de especulações, teorias ou inclinações pessoais. Mas, seja como for, havendo família e saúde, é uma data que não pode passar em branco e demanda um mínimo de interação afetiva. Ela vai acontecer, com certeza, mas, dadas as contingências, será lembrada como coração partido: sem abraços e beijos, em salas ou salões de baixa ocupação e certa sensação de vazio. Naturalmente haverá sempre a felicidade infantil para preencher o acontecimento importante, mas estamos perdendo momento relevante de expressão de nossa energia vital. Paciência, “guerra é guerra” - mas não sei como viveram nossos ancestrais na Europa nos anos mais sombrios e belicosos de 40, inclusive porque nasci um ano após o final da Segunda Grande Guerra. Fica apenas este registro.