Maradona, o mito do futebol

No final da década de 70 duas estrelas do futebol que já brilhavam em seus times, começaram a brilhar em suas seleções: Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico ou Galinho de Quintino, nascido em 3 de março de 1953, no Rio de Janeiro, Brasil, revelava-se no Flamengo como uma grande promessa; e Diego Armando Maradona Franco, conhecido como Maradona ou Dieguito, que nasceu em 30 de outubro de 1960, em Lanús, na Argentina, que aos 15 anos despontava no Argentinos Juniors. Eram os grandes nomes da época. A rivalidade entre os dois era grande.

Zico jogou a Copa do Mundo de 1978 pelo Brasil, realizada na Argentina que contava com 16 países, mas não brilhou. Mário Kempes da Argentina foi o artilheiro com 7 gols. O Brasil terminou a Copa em terceiro lugar invicto. Maradona não foi convocado pela seleção Argentina, devido o técnico César Luis Menotti o achar muito novo com apenas 17 anos. Lembro-me que a seleção Argentina precisava ganhar do Peru por 4 a 0 para se classificar para a final e ganhou por 6 a O. O Brasil venceu a Itália por 2 a 1 e ficou com o terceiro lugar. A Argentina venceu a Holanda por 3 a 1 na prorrogação e conquistou o seu primeiro título mundial.

Na Copa do Mundo de 1982, o Brasil comandado pelo técnico Telê Santana tinha um grande time, considerada a melhor seleção de todos os tempos, e contava com jogadores como Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates. No duelo contra a Argentina de Maradona, na primeira partida da segunda fase, o Brasil venceu por 3 a 1, e Maradona foi expulso aos 40 minutos do segundo tempo ao cometer uma falta violenta em Batista. Na segunda fase, o Brasil precisava de um empate contra a Itália para se classificar para às semifinais contra a Itália, mas perdeu por 3 a 2 na prorrogação, com 3 gols de Paolo Rossi, com uma falha de Cerezo no meio de campo, ao perder uma bola praticamente dominada. Paolo Rossi foi o artilheiro com 6 gols. Zico ficou devendo.

A Copa do Mundo de 1986 foi disputava no México com 24 países, e havia muitas expectativas para Brasil de Zico assim como para Argentina de Maradona. O técnico era outra vez Telê Santana, e Zico chegou contundido no joelho e quase não jogou. Nas quartas de final contra a França, o Brasil empatou no tempo regulamentar em 1 a 1, e foi eliminado nos pênaltis por 3 a 4, com Zico perdendo um pênalti. Encerrava-se a participação de Zico pela seleção sem nenhum título e artilharia. A seleção Argentina comandada pelo técnico Carlos Bilardo venceu a Inglaterra por 2 a 1 nas quartas de final, com 2 gols antológicos de Maradona, incluindo um gol de mão considerado pelo mesmo “com a mão de Deus” e outro em que driblou 6 jogadores da seleção inglesa. Na semifinal venceu a Bélgica por 2 a 0 com dois gols de Maradona. Na final venceu a Alemanha por 3 a 2, e conquistou o segundo título mundial. Maradona foi eleito o melhor jogador da Copa, com 5 assistências a gols e 53 dribles certeiros. O artilheiro foi Gary Lineker da Inglaterra com 06 gols.

O Brasil chegou à Copa do Mundo de 1990 na Itália com um time renovado, sem Zico e companhia, e a Argentina chegou para defender o título. O Brasil teve a sua pior participação em Copas do Mundo, ao ser eliminado pela Argentina nas oitavas de final pela Argentina por 1 a 0. No lance do gol, Maradona driblou meia dúzia de jogadores brasileiros e lançou para o atacante Claudio Caniggia fazer o gol. Nas quartas de final, a Argentina venceu a Iugoslávia por 3 a 2 nos pênaltis. Na semifinal empatou com a Itália no tempo normal por 1 a 1, e venceu nos pênaltis por 4 a 3. Na final perdeu para Alemanha por 1 a 0, gol de pênalti, e ficou com vice. Na Copa do Mundo de 1994, o Brasil comandado por Carlos Alberto Parreira conquistou o seu quarto título. Maradona aos 33 anos e apresentado boa forma física e técnica foi suspenso da Copa no terceiro jogo ao fazer exame antidoping que deu positivo ao constatar medicamentos da família efedrina, e encerrava a sua carreira vitoriosa na seleção Argentina. Maradona dissera que havia tomado remédios para emagrecer e não drogas, que foi uma perseguição. Sem Maradona, a seleção fracassou e perdeu os dois jogos seguintes, contra a Bulgária e Romênia, e ficou nas oitavas de final, em 10 lugar, pior colocação desde a Copa de 1982 quando ficou em 11º lugar no posto.

O Galinho de Quintino foi o protagonista do Flamengo nas décadas de 1970 e 1980, quando o time conquistou os títulos do Campeonato Brasileiro de 1980, 1982, 1983, e Copa União de 1987; e a Taça liberadores da América e o Mundial de Clubes de 1981. Em 1981 e 1983 foi eleito o melhor futebolista do Mundo do ano pela World Soccer, sendo que em 1983 recebeu 28% dos votos dos eleitores, ficando à frente de Michel Platini, Paulo Roberto Falcão, Diego Maradona e Karl-Heinz Rumenigge. Em 1984/85 foi jogar no Udinese, time cidade de Udine, Itália, onde teve uma passagem com muitas contusões e uma vice artilharia, com um gol atrás de Michel Platini; depois seguiu para o Japão onde jogou em alguns times até se tornar treinador da seleção e de alguns clubes. Em 2001 foi eleito pela Revista Placar como o maior cobrador de faltas do brasileiro no Século XX. Zico ainda foi eleito pela FIFA como o oitavo maior jogador do século XX; e conforme a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFSS) é um dos quatro brasileiros a figurar no Hall da fama da FIFA, atrás de Pelé, Garrincha e Didi. São muitas conquistas em times, mas na seleção deixou a desejar.

Maradona teve uma passagem vitoriosa no Argentinos Juniors e no Boca Juniors (1981). Em 1979 conquistou o Mundial de Sub-20 pela seleção da Argentina, que o projetou para o futebol mundial. Ente 1982 e 1984 jogou no Barcelona, onde foi pego num exame antidoping. Em 1986 se transferiu para o Napoli, de Nápoles, Itália, onde ficou por 7 anos e teve muitos louros, com 5 troféus, uma Coppa da Itália (1987), duas Série A (1987 e 1990), uma Copa da UEFA (hoje Europa League, em 1989) e uma Supercopa da Itália (1990). Em 1991 foi pego no teste de antidoping por uso de álcool e cocaína, foi suspenso por mais de 01 ano; e ao desembarcar em Buenos Aires, duas semanas depois, foi preso por posse de drogas. Em 1992 e 1993 foi jogar no Sevilla, recebeu a braçadeira de capitão do técnico Carlos Bilardo, mas ao desconfiar que dirigentes sevillistas haviam contratados detetives para vigiá-lo, resolveu deixar o clube e voltar para o Boca Juniors, time do seu coração. Sem grandes atuações e decadente fisicamente pelo uso de álcool e drogas, resolveu se aposentar em 1997.

No ano 2000 Maradona foi morar em Cuba para se tratar da dependência química, onde ficou por 4 anos e fez muitos amigos, e considerava Fidel Castro como seu segundo pai. Em 2010 foi treinador da seleção Argentina, na África do Sul, onde perdeu para a Alemanha por 4 a 0 nas oitavas de final, e não teve outra chance para dirigir a seleção. Passou a ser treinador de pequenos times da Argentina. Recentemente entrou em depressão e passou a usar álcool. No dia do seu aniversário foi encontrado grogue e cambaleando e foi levado a se internar numa clínica de recuperação de dependência química. Passou por uma cirurgia no cérebro para a drenagem de um coagulo, recebeu alta e estava em sua casa para a recuperação. Mas no dia 25 de outubro do corrente ano foi encontrado morto, chamaram a ambulância, mas já era tarde. Os médicos constataram a morte por parada cardiorrespiratória, mesmo dia que morreu Fidel Castro, seu grande amigo. Na Argentina era chamado de “deus” e uma religião em sua homenagem foi criada com o nome de “Maradoniana”, por seu gol de mão que dissera na época “foi a mão de Deus que fez o gol”. Por sua raça dentro de campo e suas declarações de humildade em que reconhecia os seus erros era muito idolatrado pelo mundo afora, mais que qualquer outro jogador. A verdade é que quando se dedicava somente ao futebol era inigualável, o maior de todos, e com apenas 1,65 m de altura.

Goiânia, 28-11-2020

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 29/11/2020
Reeditado em 03/12/2020
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