POR QUE SOU BRASILEIRO?

Sem esgotar a pauta, quero referir-me a alguns países que conheci e a respeitos dos quais li bastante, assisti a vários filmes e reportagens. Quer dizer, tenho ciência básica, direta e indireta. Tudo bem, você morou 20 anos ali, acolá ou a colibri, é diferente, tanto quanto são nossos temperamentos, sensibilidade e gostos. Paris sempre foi cidade luz, mas o deslumbramento que experimentei em seu regaço, até o ano 2.012, digamos, diluiu-se bastante pelo fenômeno da forte imigração, das crises e da explosão turística de tempos um pouco mais recentes: deixou de ser aquele mundo arrebatador de 1967, assim como Londres e Roma. Para visitar, são ainda pólos maravilhosos (sem pandemia), mas o encantamento já não me empolga tanto como outrora. Devo igualmente dizer que já passei 15 dias em Nova York, Orlando e Miami, em 1984, e gostei: grandes espetáculos na Broadway, bons restaurantes e shows, diversidade, população eclética, eletrônicos e vestimentas abundantes a bom preço, mas não me identifiquei culturalmente ou animicamente com o país. Cada um no seu quadrado. Outras cidades norte-americanas serão eventualmente mais interessantes, mas é uma atração que funciona como aquela relativa ao sexo oposto: ou a gente se interessa logo ou não dá liga e não adianta insistir. Não citei outros centros badalados que conheci para não me tornar cansativo. O que vale aqui é a essência do pensamento. Deixo em aberto uma enorme margem para Lisboa: por gostar muito e pelo fato de que também sou cidadão português, com registro naquela bela Capital. Mas ainda acho que algumas cidades do nosso interior do Estado – especialmente da Serra - assim como Rio de Janeiro, praias de Santa Catarina e algumas do nosso litoral, contentam-me suficientemente, são alternativas cômodas e, a despeito das diferenças de perspectiva, propiciam prazer análogo. Conclusão: sou brasileiro de bombacha e bota de cano longo. Só não citei outros Estados mais acima, porque não curto viagens mais longas em classe econômica de avião, mas pretendo voltar pela quarta vez a Salvador. Lamento também a situação da Argentina, atualmente, pois sempre me atraiu e satisfez. E, finalmente, para que alguns me odeiem definitivamente, devo dizer que gosto de Porto Alegre, apesar dos pesares.