E SE HOJE EU FOSSE EMBORA?

E se hoje fosse o meu último dia, e se agora estivesse eu escrevendo a minha última poesia, como se predizendo um adeus? E se tudo acontecesse tão rápido que eu não tivesse tempo de pedir perdão a Deus, e lhe dissesse que proteja minha alma e a minha família que aqui nesse exato momento eu estivesse a deixar? E se o amigo que não vejo há tempos, ainda guardasse rancores e mágoas de mim sem que tivéssemos a oportunidade de solidarizarmos em pedidos mútuos de desculpas.

Estou só aqui em casa, onde a companhia física é da minha cachorra, que nada poderia fazer por mim.

Em frente ao computador teclando ouvindo Chopin, Beethoven com obras tristes para que o clima deste poema tenha essa conotação de despedida.

Vivi, até aqui, amparado na fé constante, na luta pelos sonhos, na família que sempre amparou esse meu caminhar, e em muitos poucos amigos. Após a minha partida, sei que virão tantos dizendo que eram amigos e que estavam lamentosos demais para suportar a minha partida.

É normal, tal comportamento, mas sei que muitos nem deveriam tecer algum comentário nesse sentido ao meu respeito, pois, por vezes tantas, fomos distanciados sem querer ao menos saber uns dos outros.

Procurei ajudar a muitos, procurei ser leal, fiel na amizade e no comportamento.

Todavia, não foi com a mesma reciprocidade que devolveram-me esses atos, e juro em dizer que nada fiz aos outros esperando recompensas, pois sei que como eu, todo ser humano é falho.

Por vezes, chorei a falta de um ALÔ, por vezes tantas sei que errei também pois se eu não errasse já teria sido santificado e justificado por Deus (Não pelos homens que transformam seres em santos). Se eu partir hoje, sentirei a falta da conquista das coisas pelas quais lutei nos últimos 23 anos da minha vida e que não vi (até aqui) realizadas.

Talvez o reconhecimento como poeta, como cantor, como um compositor, tenha sido exagerado tanto no querer quanto nas tentativas. Mas registro com muito orgulho e lhes afirmo que: SE TEVE ALGUEM QUE LUTOU E ACREDITOU, FUI EU. Pois esse, foi o modo que (com muita dignidade) encontrei para cuidar e proteger a minha família de forma honesta e limpa. Deus nos capacita e nos torna gigantes para encontrarmos caminhos. Isso afirmo, exercendo em Deus a minha fé, por tudo que Ele fez comigo. Desde já, coloco nas mãos de Deus a minha vida, pois reino maior que o dEle não existe e tudo porque lutei para conquistar até aqui, é passageiro, efêmero e não somará muito no dia da minha sentença. Absolvido ou condenado, serei por Deus e por Cristo julgado.

Se eu partir agora, me perdoem a falta cometida em não ter aprendido lidar com as situações que me foram impostas pela vida.

Aceitem os meus pedidos de perdão e de desculpas.

Mas se eu não partir hoje, é sinal que ainda teremos tempo para consertarmos muitas coisas que acreditamos já perdidas. Paz para nós, amor por Deus, pela família e por todos, mesmo aqueles que sabemos não sentir tanto carinho e ou apreço por nós. Que Deus nos abençoe.

Carlos Silva

Caldas de CIPó-BA.

30 de Outubro de 2020

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 31/10/2020
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