Poemas do voo e da queda
RELEASE DO MEU MAIS NOVO LIVRO
+ ou - Isso (poemas sobre o voo e a queda).
Antes da quarentena eu pensava em fazer o terceiro livro da minha Trilogia do Amor. Eu estava escrevendo aos poucos os contos que estariam no livro. Mas, a partir de março de 2020, tudo mudou. Veio o medo e muitas incertezas. Obrigatoriamente, deveríamos ficar em casa. Então, um dia me veio um insight de organizar um livro de poemas para lançar na Amazon. E fiz. Criei o "Poemas para se ler na quarentena" e o disponibilizei na plataforma. Para minha surpresa, em cinco dias, teve 739 downloads do livro digital. Muitas pessoas vieram a mim, comentando o livro. Detalhe: o primeiro livro que lancei na vida foi um livro de poemas. Sempre escrevi poemas, mas já não pensava em fazer um livro para compartilhar esses poemas. Isso me veio mesmo na quarentena. Então, por conta do sucesso do primeiro livro lançado, fiz o segundo: Poemas para se ler na quarentena Volume 2. E desde março, eu passei a escrever compulsivamente, como se realmente não houvesse amanhã (risos). E a ideia era poder lançar muito mais coisas. Passei a organizar uns poemas, pensando na trajetória da minha vida. Um livro que desse conta das minhas alegrias e dores. E isso me veio mais forte quando fiz uma Constelação Familiar online. Algo muito profundo e revelador. Os assuntos logo pipocaram na minha cabeça. Peguei um caderno e estabeleci uns tópicos e saí escrevendo. Quando a coisa foi ganhando forma, entendi que eu não escrevi o livro, foi ele que me escreveu.
Nos momentos em que eu sentava para criar algo, logo me vinham muitas lágrimas. Foram dias intensos. Eu escolhia momentos para vir esta catarse. E me jogava nela, sem receio e sem pensar em pára-quedas ou redes de proteção. Simplesmente me jogava. Queria entender até onde ia todo esse processo. E quando olhei os poemas que selecionei para este livro que eu ainda não sabia o que era, vi que eu estava falando claramente da minha vida, dos meus pais, do meu passado, do amor… Fiz um exercício de resgate de muitas coisas. Foi mesmo um livro feito com lágrimas e reencontros. Eu fui lá onde a ferida doía para libertá-la. Curiosamente, vieram-me imagens de montanhas, índios, fogueiras. Eu não entendia o fluxo disso mas deixava vir e, ao escrever, foi quase como se eu estivesse psicografando. E quando eu terminava este processo, realmente vinha uma sensação de esvaziamento. E eu me jogava no sofá e ficava olhando o teto.
E, de cara, pensei: qual seria a razão disso tudo? o que me motivou? o que eu pretendo com isso? Logo tive a certeza de que escrever já foi o mais importante do processo todo, independente do que isso viria a se tornar. E foi a minha versão dos fatos… Os fatos da minha vida, única coisa que me pertence profundamente e não é de mais ninguém. Algumas pessoas dividiram coisas comigo ao longo da minhas existência, mas não tem conhecimento do todo que eu vivi. Podem ter uma vaga ideia. No entanto, o todo pertence a mim.
Então, como foi tão profunda e tão dolorosa algumas passagens, eu já sonhava que muitas pessoas pudessem ler este livro que me foi tão importante fazê-lo. Tanto que, imediatamente, pensei no título: “Para quando eu me for”. Parecia algo bem sério e quase como um legado. E, afinal, também tinha a ver com essa coisa da brevidade que nos veio tão forte e tão óbvia a partir das mortes por conta de um novo vírus. E isso me fez pensar também na década de oitenta e na Aids. Por isso eu me voltei para Cazuza e toda a sua urgência em função da sua condição de soropositivo. Eu me fiz urgente. Eu me desafiei de todas as formas. E esse livro só foi possível levando em conta a minha maturidade. É um resgate importante, primordial, que promoveu a reconstrução de um ser, o meu ser em particular.
Foi preciso silêncio e o esvaziamento necessário para se começar a auto-investigação. Então, eu me espremi para (re) nascer em versos. E eu falo da minha vida de forma que possa servir a alguém que se identifique com os processos. Porque é um livro que fala da família, da mãe, do pai, dos avós. Um livro em que olho as minhas raízes e entendo o movimento que me levou pelas minhas caminhadas. Em resumo, é + ou - isso. O título do livro que já fala por si - substituindo a ideia inicial de “Para quando eu me for”. E fiz questão de usar os símbolos “+” e o “-”, pensando nas polaridades de uma pilha. A carga negativa e positiva. Uma verdadeira metáfora da vida. E o subtítulo também nasceu de forma bem apropriada: Poemas do voo e da queda. Então, ficou “+ ou - isso - (Poemas do voo e da queda)”, de autoria desta pessoa que vos escreve. Agora estou leve, muito leve, depois de lançar este livro ao mundo. Espero que chegue a alguém, porque sinto como se fosse a garrafa de um náufrago jogada ao mar. Pode demorar a chegar, mas vai chegar a alguém. Agradeço a quem, por ventura, o livro chegar. É uma parte importante da minha pessoa. Com toda certeza!