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Isso, lamento!
 
Assim que a expressão "isolamento social" adentrou pela porta da cozinha de minha casa, vez por outra, fico a pensar no sentido conotativo desses dois vocábulos. Quando se passa por transformações sócioeconômicas, drásticas consequências atingem em proporções cavalares àqueles que estiveram isolados desde que  ancoraram as primeiras embarcações à terra de Vera Cruz.
 
Expandiram-se as construções irregulares, os cortiços nas áreas centrais das grandes cidades foram demolidos e seus moradores lançados à própria sorte, aos casebres e barracos situados nos Morros isolados, acuados , desconsolados. No século passado, a escritora mineira, Carolina de Jesus, em seu livro "Quarto de Despejo, já acendera o pisca-alerta , dizendo: 
"- a favela é o quarto de despejo de uma cidade, nós os pobres somos os trastes velhos."

 
Pleno século XXI, não há perspectivas relacionadas  à atuação do Estado e  à prática de políticas públicas, a fim de que esses nossos irmãos brasileiros que acordam ao soar o canto dos galos, atravessam o asfalto em busca do pão de cada dia,   tenham a dignidade, o respeito que lhes são de direito. Faltam-lhes um endereço, um número de moradia, alguns são identificados pela gentileza dos carteiros em oferecer-lhes nem que seja por poucos minutos uma cortesia. Faltam-lhes boas escolas,  saneamento básico, lazer...
iluminação pública, coleta de lixo? Aí, já é balbúrdia!

O isolamento social, agora, no sentido denotativo, recomendado pelas autoridades de saúde mundial para se evitar a propagação do vírus causador da Covid - 19, escancarou a desigualdade social em nosso país. Além de todas as limitações  que nos são impostas, vejo-o também como um momento de reflexão, para que tenhamos um "tête-a-tête" conosco, deixarmos o individualismo de lado , as intolerâncias e abraçarmos o coletivo. Findando-se  um dia cinzento, a lua toda pomposa desponta com São Jorge em seu cavalo, após quatro décadas morando em apartamento numa grande cidade, ouço da minha janela, o canto dos pássaros, vi há poucos dias, a leveza do vôo de uma borboleta, em seguida o balé de um beija-flor, tão pequenino e grandioso , dividindo o espaço com  as edificações ,  ausentando somente  as cigarras entoando suas canções...

Quando criança, ouvia meus pais dizerem que quando uma Esperança pousa em nossa casa, ou em nosso ombro é sinônimo de sorte, muita sorte na vida! 
Há de se ter esperança nesse país que um dia acolheu em seu berço , Irmã Dulce, Xico Xavier, Betinho...
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 08/07/2020
Reeditado em 28/08/2020
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