FECHAMENTO DA "TIA CARMEN"

Há muito tempo fechara o GRUTA AZUL da Avenida Farrapos; anteontem, creio, houve o anúncio do fechamento da Tia Carmen, que reinou por 22 anos e que não conheci, por coisas do destino. Seguidamente a fantasia não tem nada a ver com a real condição do indivíduo ou sua idade. Claro, este é um texto puramente masculino e assaz esvoaçante. Se disser que gostaria de passar um mês em Anchorage, no Alaska, muitos me acharão esquisito. Todavia, eu gostaria. Enfim, ideal seria a ocorrência de mais três encarnações ao redor dos 60 anos de idade para me esbaldar em vontades quase incontroláveis. Eu disse “quase”. Podem me xingar, pensar mal e coisa e tal, mas eu só escrevo o que penso e o que sinto. Não foi de graça que tive uma juventude tão agitada (e que durou bastante). O passar do tempo nos amansa, com o conjunto de responsabilidades que assumimos, mas uma pequena chama de vontade louca ainda arde num canto recôndito da alma. Chamamos de fantasia, mas não convém soprar uma brisa para que irrompa princípio de incêndio. Não falo, atentem, em ambições materiais, em sonhos de ter ou de melhor viver a preguiça numa infra-estrutura de luxo. Bobagem. Cogito de aventuras, que não mais terei, e de prazeres diversificados, que foram aparentemente afastados com o advento da tal “melhor idade”. Não é queixa, não é nada de ruim ou de concreto, é só literatura acerca de pequenos incêndios e devaneios de uma pandemia. Ou emanação de um desejo de escrever. Se lamento o encerramento de locais floridos que nem mesmo conheci, ninguém pode surpreender-se, a rigor. Mas não troco esse planeta encantado pelo meu atual dia a dia. Nem pensar. Porém, se houvesse mundo alternativo, talvez possíveis fossem eventualmente viagens de exploração.