ANIVERSÁRIOS

Quem aniversariou a partir do mês de março, não deveria, a rigor, considerar o calendário de 2020, especialmente aqueles que não atingiram a tal de “melhor idade”. Nos mais jovens, diversamente dos veteranos, a “fadiga dos metais” é bem mais lenta, às vezes imperceptível. Eu mesmo, que “deveria” fazer 74 anos em dezembro, sofri as marcas inexoráveis do tempo, mas, assim mesmo, com pouco desgaste, sinto-me habilitado a transferir a data natalícia para 2021, acumulando páginas do tempo. Salvo algum imprevisto, a quarentena pandêmica acarretou até o momento pouca perda nas baterias biológicas. Vamos, os sobreviventes, repudiar a cronologia legal e arbitrária! Não se envelhece por força de lei. De modo que, se ainda estiver movimentando-me por estas paragens, esqueçam o 21 de dezembro próximo, com ou sem corona vírus assombrando. Afinal, houve muito pouco feito histórico em todo este período confuso, especialmente se, em 20 de setembro – data magna farroupilha – prosseguir a quarentena imposta. Nem falo em economia, pois leio muito comentário exacerbado. Quem acredita que só os empreendedores perderam ou perdem, não sabe nada da matéria. Perdi, mas acredito que ainda me garanta, pois, como já relatei, na minha organização para a aposentadoria, que só ocorreu aos 68 anos, com 50 de trabalho, previ até revolução. Cada um traça seu futuro e nunca dei passo maior do que a perna. Aliás, não recebo verba remuneratória de cofres públicos, tantas foram as atividades exercidas, sobremodo advocatícias, mas, se recebesse, seria por ter feito jus, cada macaco no seu galho. Ponto. Cogito apenas de energia existencial, sobrevivência e saúde, coisa mais importante para o indivíduo. Solidário com quem sofre, dirijo este texto aos que de algum modo resistem e não aceitam que um ano praticamente inteiro passe em branco, envelhecendo. Não sei como será 2021, mas o meu aniversário gostaria de poupar agora.