Refrão de Bolero... o mistério da Ana!


No Facebook, in box, um amigo indagou-me "porque" não comentava músicas nacionais. Insinuou que eu achava as internacionais de melhor qualidade.

Respondi-lhe que gosto de boa música, que tenha letra marcante e arranjo diferenciado. Adiantei-lhe que adoro rock e MPB. Não  tenho preferência quanto à origem.

Esse fato, motivou-me comentar "Refrão de Bolero", por ter melodia  extraordinária e letra belíssima. Ademais, existe certo mistério envolto da canção.

Essa música é da autoria de Humberto Gessiger, quando vocalista e líder da primeira formação dos Engenheiros do Havawii, banda gaúcha.

Foi lançada no álbum Revolta dos Dândis, em 1987, sem receptividade por parte dos fãs e da mídia. Possivelmente, por fugir ao estilo musical trilhado pelos jovens roqueiros, à época.

E, somente se tornou grande hit nacional, a partir de 1990. Desde então, é a mais pedida em qualquer show com a presença do autor.

Sobre "Refrão de Bolero", existe toda uma mística e muitas histórias contadas e desencontradas, que acentuam curiosidades dos fãs e da imprensa especializada.

Em princípio, a musa inspiradora da canção seria uma certa "Ana", prostituta da zona central de Porto Alegre, por quem o autor teria tido grande paixão... casado e pai de família, não assumindo o romance.

Outra versão conhecida... é inspirada na história de homem, não identificado, que engravidou jovem prostituta da zona portuária de Porto Alegre. Preconceituosamente, fugiu à paternidade, estimulando Ana abortar.

No Programa Matéria Prima (TV Cultura), voltado ao público jovem, cujo formato eram entrevistas realizadas pelo apresentador Serginho Groisman, conjugadas com apresentações de artistas variados... Humberto Gessinger revelou que "existia sim" uma "Ana" e que morava mesmo em Porto Alegre. 

A história correu Brasil a fora, atribuindo novas indagações sobre quem seria de fato a tal "Ana".

Em 1992, no Programa Livre, apresentado também por Serginho Groisman (já no SBT), Gessinger colocou mais lenha na fogueira, ao declarar: "conheci uma Ana que se chamava Ana... e outras que não se chamavam Ana".

Groisman, ao seu estilo de comunicador intimista, relacionou vários nomes que poderiam ser sua musa inspiradora: Sílvia, Lêda, Joana, Lúcia, Maria... E, a cada nome citado, o roqueiro sorria enigmaticamente, aceitando um provável "sim".

A partir de 2000, todas as gravações e apresentações de Huberto Gessinger sobre "Refrão de Bolero" foram feitas sem o nome da musa... Mais mistério a ser desvendado sobre a épica canção.

E, independentemente dos mitos, "Refrão de Bolero" é lindissima, por si mesma: sua letra emoldura poesia que a coloca no patamar das mais importantes do pop-rock brasileiro.

A gravação acústica... com voz de Humberto Gessinger, violão e teclado, atribui-lhe melodia mais suave, sem perder o glamour da versão original. Quem ouviu, emocionou-se com sua beleza e magia... disso tenho certeza!

Aqui... matutando sobre a aura em torno de "Refrão de Bolero", lembro os versos melodiosos da canção "Esotérico", autoria do baiano Gilberto Gil:
"Porque mistério sempre há de pintar por aí"

                                  Post Scriptum

Essa crônica é dedicada à jornalista piauiense, Ana Cristina Batista, amiga de velhos tempos... e que adora "Refrão de Bolero". Foi a primeira pessoa a me falar sobre a beleza da canção.

 

Antônio NT
Enviado por Antônio NT em 02/06/2020
Reeditado em 30/01/2023
Código do texto: T6965159
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