CORONA VÍRUS EM PESSOA

A gente fala muito neste vírus endiabrado, mas nem todo mundo tem uma ideia exata de como ele seja. Cada um tem sua teoria, seus cuidados, suas conclusões sobre curvas, picos e estatísticas várias, estabelecendo comparações mirabolantes, eventualmente. As coisas novas e perigosas costumam acarretar perplexidade ao conhecimento humano pouco preparado, aguçando reações e confundindo até mesmo aqueles que militam na área. Todavia, hoje, pela manhã, eu conheci o COVID-19. Quando desci com minha cadelinha Baby para os devidos afazeres fisiológicos, no gramado da calçada do prédio, estava eu distraído, atento aos movimentos do bichinho, que já é cego, repentinamente o COVID me surpreendeu. Já havia retirado a máscara para fumar e respirar o ar relativamente puro da manhã ensolarada, quando, pelas costas, apareceu e colocou-se a meu lado, o indigitado vírus. Pediu-me um cigarro: ele fuma, dentre outras coisas. Por que era o CORONA? Ora, o tipo eventualmente andarilha pela região, deve ter uns trinta e tantos anos, barbudo, horrendo, maltrapilho, fedorento – não deve tomar banho há vários lustros. Só pode ser o CORONA, nunca vi nada mais sujo e virulento, de dar dó. Não só me pediu um cigarro, que lhe dei de boa vontade, como me solicitou que já lhe desse aceso. Topei, acendi, entreguei-lhe e o vírus seguiu seu curso, com aquela firmeza da ressaca. Como dizem, o COVID-19 é doença de gente mais abonada, mas que estes coitados devem também transmitir abundantemente. E as políticas públicas não conseguem efetivamente nada de positivo para encaminhá-los convenientemente. Sim, eles não pegam nem resfriado, mas levam uma vida sub-humana e conseguem transmitir qualquer coisa até em pensamento. Não é pouca gente, não.