UMA TRISTEZA NO AR

Já escrevi bastante sobre COVID-19 e não pretendo debater concepções, temores ou sentimentos sobre o tema. Respeito a “quarentena” e os protocolos sanitários básicos, sobretudo em consideração às pessoas em geral. Mas, a grande verdade é que, há quase três meses, amigos e até parentes – de algum modo – tornaram-se virtuais, quase tanto quantos os 2.300 que tenho no FACEBOOK, ao menos no que concerne a convívio físico. Como eu acredito que o vírus não desaparecerá num passe de mágica, a vacina irá demorar a ser disponível amplamente e os recursos hospitalares nunca serão suficientes para todos, em curto prazo, fico triste pelo medo da morte derrotando a vida. Nem quero falar agora nos efeitos econômicos do isolamento. A coisa é tão séria que já começaram timidamente a flexibilizar a vida coletiva e o trabalho. Entendo os que se protegem bem e são rigorosos, especialmente quando há crianças e veteranos envolvidos, com problemas de saúde. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A vida não pára. Ademais, muitas e diversificadas foram as idas e vindas gerenciais da pandemia, em todo o mundo, assim como os pareceres de especialistas no assunto. Nada mais natural que a autodefesa: “vitamina C e cama”, como preconizavam os antigos. É claro que vai passar de um jeito ou de outro. Sou otimista, vivemos a pós-modernidade. Até a tenebrosa “gripe espanhola”, que iniciou em janeiro de 1918, sumiu em dezembro de 1920. A minha tristeza é pela falta do convívio alegre, descontraído e sadio. Pretendia (talvez ainda vá) ir a Gramado neste final de semana, mas os amigos estão retraídos, tanto quanto parentes, que têm de colher os mais divertidos programas para os filhos, o que é bastante compreensível. Enfim, nunca cogitei de comparecer a espetáculos artísticos, estádios de futebol, grandes festas, mesmo a restaurantes e bares com muita gente. Mas conviver em certas ocasiões com os parentes e amigos próximos é o mínimo. Por sorte, tenho a mim mesmo, a mulher e os quatro cachorrinhos diariamente. Faço ardentes votos de que, no Natal, o único de máscara seja Papai Noel.