Crônica de Crônicas

Semana passada, um leitor amigo deixou uma mensagem no WhatsApp, onde me perguntava por que ultimamente, nos meus textos, as alusões têm sido referentes à minha pessoa.
Isso acontece pelo fato de ser a crônica, um dos gêneros textuais que mais gosto de escrever. Não sou nenhum expert em crônicas, todavia, ariscar-me-ei uma explanação.
A crônica geralmente é uma narração curta, do nosso cotidiano. Uma vez que elas, na sua grande maioria, são realizadas em jornais, revistas, tendo uma maior acessibilidade, devem apresentar uma linguagem simples ou coloquial. Quando falamos em cotidiano, necessariamente não precisa ser apenas nas cidades. Esse cotidiano pode ser na roça, numa fazenda, no seu local de trabalho. Podem ficar tranquilos, que onde você estiver, ali estará o seu cotidiano.
Outro fato da minha predileção por crônicas, porque na minha simples concepção, não precisa de muitos personagens, muitas delas têm apenas o narrador como personagem, isso não impede que tenham outros.
Algumas pessoas ao conceituarem as crônicas, costumam afirmar que elas têm prazo de validade, por se tratar do cotidiano. Eu sinceramente, discordo dessa afirmativa. Enquanto tivermos na terra, o cotidiano sempre estará no auge, mudando apenas o tempo e os personagens.
Se isso tivesse fundamento, o que iríamos dizer de "Ao Correr da Pena"  obra de José de Alencar que reúne todas as suas crõnicas escritas semanalmente no período de 1854 a 1855, no Jornal Correio Mercantil do Rio de Janeiro. Quase dois séculos se passaram, e elas até hoje são apreciadas. Eu, particularmente, li e gostei. Sem falar que esta obra é considerada a estreia literária de José de Alencar.

Grande é a diversidade das crônicas, podendo ser crônicas sobre o futebol, outros esportes, das artes, do carnaval, da política, e assim por diante. O que não podemos esquecer, que mesmo se tratando do cotidiano, elas devem ter sempre em foco, o objetivo: sátira, humor, crítica.
Por estarmos falando de crônicas, deixarei uma como ilustração de luís Fernando Veríssimo, que acho muito engraçada, cujo título é “Pneu furado”:

O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonita. Tão bonita que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo: “Pode deixar”. Eu trocarei o pneu.
- Você tem macaco? – Perguntou o homem.
- Não – Respondeu a moça.
- Vamos usar o meu – disse o homem
– Você tem estepe?
- Não - Disse a moça.
- Vamos usar o meu – Disse o homem.
E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça. Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava esperando. Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar. Dali a pouco chegou o dono do carro.
- Puxa, você trocou o pneu do carro pra mim. Muito obrigado.
- É. Eu... Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
- Coisa estranha.
- É uma compulsão. Sei lá.


Um Lembrete: geralmente faço crônicas sobre a minha pessoa, pelo fato de ter menos burocracia. Caso venha fazer uma crõnica de outra pessoa, deve ter o cuidado de pedir sua autorização.
 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 27/05/2020
Código do texto: T6959370
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