Em defesa da humanidade
“Quando não houver mais ninguém será um belo dia.” Humberto Gessinger.
Não são poucas as vezes que me vejo obrigado a concordar com esse trecho da música “Guardas da Fronteira”, do grupo Engenheiros do Hawai.
A melhor hora do dia é quando me encontro aqui, nesse santuário moderno, um espaço exclusivo, onde me perco em pensamentos profundos e abrangentes. Quem sabe, até resolvendo algum problema de ordem universal? Tá, tudo bem, talvez eu esteja exagerando. Mas, não deixa de ser uma possibilidade. Eu duvido que as grandes máximas do pensamento filosófico não surgiram dessa forma. Talvez, não nessa posição burlesca em que me encontro, mas, certamente em profunda busca interior.
As vozes que ouço ao longe, até incomodam, irritam. Ora, o que há de errado em se permitir alguns momentos de solidão? Buscar respostas de perguntas que ninguém nunca fez?
Porém, pensando bem, estender essa condição de isolamento indefinidamente, pode ser propício a resolver certas paranoias que prejudicam o desenvolvimento da mente. “O homem é um ser social e político”, quem diria, eu contrapondo Aristóteles com Gessinger. Nossa, fui longe.
As vozes vociferam impropérios impublicáveis, não me importa. Estou no meu direito. Esse é o máximo que vocês podem fazer? Estou preparado, lutarei até o fim pelo meu espaço.
As pancadas do mundo exterior são insistentes, eu fico quieto por alguns instantes. Luto pela minha fortaleza, a humanidade reconhecerá os meus esforços, eu defenderei a dignidade humana contra os ataques da barbárie.
Enfrentá-los-ei com a inteligência e perspicácia inerentes à nossa natureza. Sim, só nós homens somos capazes de compor odes, esculpir imagens, eternizar momentos, compartilhar o amor, curar as feridas, ajudar a quem precisa. Só nós, em toda criação da vida, somos capazes de praticar o bem, independente das circunstâncias. Ainda que as guerras, a fome e a violência sejam mais evidentes, somente a humanidade é capaz de perpetuar a obra divina.
A pressão aumenta, é questão de tempo, terei que enfrentar a realidade “extra-muros”, estou pronto, limpo e purificado. Ainda que eu seja o último de minha espécie, levarei o bastião da nossa raça aos confins do mundo, marcarei para sempre a nossa presença nessa realidade. Não temam, vós que depositaram todas as esperanças em minhas mãos, nunca os abandonarei. Eu, a esperança da Terra. Eu, aquele que porta a cadeia genética da humanidade...
— Juninho, pelo amor de Deus, menino, cê já tá trancado aí há mais de uma hora. Vamos liberar o banheiro!!!!!
— Tá mãe, já vou, já vou... (aposto que Sócrates nunca passou por isso)!