Viver a dois e ser um só sem ser ninguém
Desde prístinas Eras, 𝗮 𝗯𝘂𝘀𝗰𝗮 𝗱𝗮 𝗙𝗲𝗹𝗶𝗰𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 através da vida amorosa, ocupa um espaço essencial na vida das pessoas, mas, o desafio de dividir o cotidiano com o Outro constitui-se em um ideal, por vezes, difícil de se alcançar. Não é incomum, que se findem os relacionamentos. Essa realidade, gera uma sensação de fracasso, que oferece margem para um extenso leito de rio, através do qual rolam frágeis, descontroladas e descompromissadas desculpas. Nenhuma das partes se pretende errada. O Outro será sempre o culpado. Esse é o resultado de uma grande frustração pelas esperas não efetivadas, o que estimula reações de culpa, incerteza, falta de vigor, baixa estima, perplexidade e, até mesmo, de raiva ou fúria. Os indivíduos padecem com a falta de respostas aos seus anseios e imergem nas águas profundas dos ressentimentos e amarguras.

Transcorridos os primeiros momentos do idílico êxtase, comuns a quaisquer relacionamentos, passa a ser indesejável compreender que o Outro jamais será a encarnação do humano que se deseja perfeito, porque impossível o estabelecimento dessa condição. Deflagrada a evidência, é preciso que se desperte a sabedoria inerente à própria vida, sob o escopo de administrar as dificuldades, as ansiedades e as vaidades naturais teimosas, que aprisionam os corações e extravasam atitudes e ações negativas, de forma incontrolável.

O mundo contemporâneo valoriza a autonomia, a liberdade individual e a satisfação pessoal, ou seja, erige a uma posição de destaque o individualismo do sujeito, o viver para si próprio e a ética do prazer. Tudo o que difere desse mote será PRISÃO, que merece ser descartada a qualquer custo. O 𝗔𝗺𝗼𝗿 concebido e juramentado ao fragor das emoções fenece ou passa para um segundo plano. Não mais se pretende investir em nada que não seja benesse imediata, sob o argumento de que a juventude passará, a beleza exterior se transformará, o corpo se arqueará e as rugas aparecerão, sendo preciso atuar com rapidez no afastamento daquilo que incomoda. Enfim, qualquer imissão a longo prazo significa perda de tempo e o banimento de oportunidades e resultados milagrosos.

Ilusão, pura ilusão. Nunca se ouviu falar na eternidade superficial – aquela visível aos olhos - da juventude e da beleza, através de atos tempestuosos. Mas, essas qualidades serão constantes, se ocorrer o cultivo do amor, da paz, da paciência e do respeito por si mesmo e pelo Outro com o qual se escolhe conviver. Afinal, o conceito de juventude e de beleza transmuta-se, o tempo todo, a depender das circunstâncias. 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗼(𝗮) 𝗲 𝗳𝗲𝗶𝗼(𝗮) 𝘀𝗲𝗿á 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝗮𝗾𝘂𝗲𝗹𝗲(𝗮) 𝗾𝘂𝗲 𝗳𝗼𝗿 𝗹𝗲𝘃𝗶𝗮𝗻𝗼(𝗮) 𝗲𝗺 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗲𝗺𝗼çõ𝗲𝘀.

No que diz respeito a uma possível separação dos relacionamentos amorosos, eis um jargão que aborrece aos mais jovens: “Calma, não se precipite, porque tudo se repetirá, neste ou naquele relacionamento! Então, para quê mudar?” Alguns acrescentam: “Ruim com ele(a), pior sem ele(a)!” Levada ao extremo a abrangência desses enfoques, as ocorrências de prazer ou de dificuldades, em todas as instâncias, estariam fadadas a um eco eterno. Contudo, não se considera salutar a exaltação de um encontro fatal da inércia do ser humano com a própria infelicidade. Ao contrário, deve-se sublimar a liberdade de escolha de cada um. Portanto, sendo impossível adivinhar o destino, com as suas possíveis armadilhas e falcatruas, pode-se reconquistar as rédeas daquele mesmo destino, a qualquer instante. Nesse sentido, o que passou será aprendizado, que motivará a certeza do que se quer ou não reproduzir no transcorrer da vida. Por outro lado, que as situações se repetem é uma afirmativa que somente será comprovada com o decorrer do tempo.

É 𝗽𝗿𝗲𝗰𝗶𝘀𝗼 𝗲𝘅𝘁𝗲𝗿𝗻𝗮𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘅𝗶𝘀𝘁𝗲𝗺 𝘀𝗶𝘁𝘂𝗮çõ𝗲𝘀 𝗹𝗶𝗺𝗶𝘁𝗲 𝗲 𝗴𝗿𝗮𝘃í𝘀𝘀𝗶𝗺𝗮𝘀, 𝗱𝗲 𝘃𝗶𝗼𝗹ê𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗲 𝗳𝗮𝗹𝘁𝗮 𝗱𝗲 𝗰𝗮𝗿á𝘁𝗲𝗿 é𝘁𝗶𝗰𝗼-𝗺𝗼𝗿𝗮𝗹 𝗽𝗼𝗿 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗼 𝗢𝘂𝘁𝗿𝗼, 𝗲, 𝗾𝘂𝗲 𝗶𝗺𝗽𝗲𝗹𝗲𝗺 𝗼𝘀 𝗽𝗿𝗲𝗷𝘂𝗱𝗶𝗰𝗮𝗱𝗼𝘀 à𝘀 𝗺𝘂𝗱𝗮𝗻ç𝗮𝘀 𝘂𝗿𝗴𝗲𝗻𝘁𝗲𝘀, 𝗰𝗼𝗺 𝗮𝗹𝗶𝗰𝗲𝗿𝗰𝗲 𝗻𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲𝘃𝗶𝘃ê𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗲 𝗻𝗼 𝗯𝗲𝗺 𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿. Mas, para além disso, colocadas em foco as vicissitudes corriqueiras da coexistência, sem investimento na possibilidade de mudança da situação imposta, será improdutivo acreditar que uma varinha de condão trará à vida príncipes e princesas, ou reis e rainhas – todos perfeitos - de um momento para o outro. A Vida não é um Conto de Fadas. Alguns fatos exigem a atuação de super-heróis e/ou super-heroínas da VIDA REAL, para enfrentá-los com galhardia, sem fugas precipitadas. Jogar tudo para o alto, não resolverá o problema inicial, porque a solução para as insatisfações não surgirá embalada para presente no momento seguinte. O amor forte, verdadeiro e, até mesmo, apaixonado - não se erige de repente, como em um passe de mágica.

𝗛á 𝗳𝘂𝗴𝗮𝘀 𝗻𝗲𝗰𝗲𝘀𝘀á𝗿𝗶𝗮𝘀; 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗮𝘀 𝗻ã𝗼. 𝗗𝗶𝗺𝗲𝗻𝘀𝗶𝗼𝗻á-𝗹𝗮𝘀 é 𝗦𝗮𝗯𝗲𝗱𝗼𝗿𝗶𝗮.

O amor e a felicidade almejados para uma vida a dois, nascem a partir de acertos e erros, sorrisos e lágrimas. 𝗘 é 𝗯𝗼𝗺 𝘀𝗮𝗹𝗶𝗲𝗻𝘁𝗮𝗿, 𝗾𝘂𝗲 𝗻𝗮𝗱𝗮 é 𝘀ó 𝗮𝗺𝗼𝗿 𝗼𝘂 𝘀ó 𝗳𝗲𝗹𝗶𝗰𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲. Procurar no brilho de cada estrela a concretização das 𝗿𝗲𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗽𝗲𝗿𝗳𝗲𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗲 𝗲𝘁𝗲𝗿𝗻𝗮𝘀, será ineficaz, porque são infinitas as estrelas no céu que atraem e seduzem diuturnamente... Subjugar-se a esse encanto natural, em raríssimos casos, será proveitoso, mas, em grande escala, significará um mergulho estrondoso na ilusão de que o amor idealizado chegue através das nuvens do céu, entre luzes, trombetas e clarins. Se a procura ocorrer de forma desenfreada e contumaz, a espada de Dâmocles se colocará sobre as cabeças dos envolvidos, em uma alusão à vida perfeita incerta, que, talvez, desabe à mais leve brisa. Em casos mais contundentes e cruéis, por tantas investidas falhas e, 𝗽𝗼𝗿 𝗻ã𝗼 𝘀𝗮𝗯𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿 𝗰𝗼𝗻𝘀𝗶𝗴𝗼 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗮𝘀, 𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗼, 𝘀𝗼𝘇𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀, algumas pessoas, ainda hoje, optam por relacionamentos desesperados, arriscando-se a uma 𝙛𝙤𝙡𝙞𝙚 𝙖 𝙙𝙚𝙪𝙭 compartilhada em nome de um falso amor, como última opção de vida. Nesses casos, em pouco tempo, aquela mesma espada lhes decepará os sonhos por completo e a realidade edificará vidas condenadas a uma forçosa convivência, na qual reste apenas a escuridão de uma noite sem estrelas ou mesmo sem luar...
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 7 de maio de 2020 – 13h26
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 08/05/2020
Reeditado em 21/05/2020
Código do texto: T6941075
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