A POLÍTICA E A MÍDIA: CONTRASTES ENTRE POLIS E FORESTEM SILVAM.

A POLÍTICA E A MÍDIA: CONTRASTES ENTRE POLIS E FORESTEM SILVAM.

O ser humano buscou nas pólis, como Cidades Estado, suas experiências políticas, de tudo que seria para os cidadãos (seus moradores).

De certo modo, tudo caminhou num contraponto ao obscuro, que podemos representar como as florestas selvagens, que serviriam para o castigo, se pensarmos as polis como núcleos harmônicos, onde teríamos abrigo, defesa, conforto e aconchego, quando a Silvam, seria a selvagem opção do enfrentamento às feras e à peçonha de muitos animais, que representariam castigo e condenação aos ditames dos reis.

Mas nesse contraste é que surgem os lobos e as águias, na busca encarniçada pelo credo popular do cidadão, de que só presta a força de uns ou a astúcia de outros, que voam altaneiras sobre as mentes e culturas inoculadas no subconsciente individual e coletivo do conjunto humano, que se amontoa na pólis como venenos ou seivas, muitas das vezes de efeito não só colateral, mas mortífero para a vida e a harmonia necessária a um convívio gregário e saudoso, onde as pessoas e famílias possam ter um futuro de esperança.

Mas é na boca da mata, de um legado da língua tupi, que nós percebemos o quanto a mídia passou à frente dos exemplos de vida em comunidade, que eram basilares para alçar alguém aos púlpitos dos templos e praças, buscando o merecimento de serem os representantes e guias da administração das comunidades urbanas, que numa derivação de pólis, tornou-se política.

E vemos cada vez mais os que hoje se denominam políticos, a serem forjados não mais no fogo que laminava as espadas e ferramentas que moldaram as civilizações e os impérios ou modernos Estados e Nações, mas advindos de truques midiáticos ou tecnológicos, com técnicas cada vez mais sagazes, forjando políticos cada vez menos parecidos com águias, condores ou míticos dragões de sabedoria e hombridade, mas mais assemelhados com os rastejantes ou pequenos seres peçonhentos, que habitam na boca da mata ou no seu âmago de escuridão e temor.

É preciso o retorno simbolicamente utópico dos griôs, dos pajés, dos mestres da filosofia grega, da paciência e oração de exemplos tibetanos ou conventuais, das conversas em família, do respeito aos diferentes, sejam étnicos ou pluralmente culturais, pois somos iguais e únicos ao mesmo tempo, onde a temperança e a busca do viver desapegado do que exceder o necessário, para apenas nos atermos ao que realmente poderemos usufruir, sem precisar privar o nosso semelhante de subsistência, dignidade, compaixão e amor.

É preciso que tenhamos como palavra de ordem, buscarmos conhecer melhor os nossos advogados, a quem damos nossas procurações de urna e voto para gerirem nossas vidas e destinos, que sonhamos sermos donos, mas de fato é um engano, pois somos todos teleguiados por uma hipnose coletiva, a qual cada vez mais nos escraviza, que é a mídia tecnológica e que robotiza o nosso agir e o nosso pensar, nos fazendo eleitores de estrelas de show business, de Talk Shows ou de âncoras de telejornais e artistas da música e da TV ou cinema, sem maiores critérios que abalizem as nossas reais vontades ou necessidades de cidadania e respeito.


Publicada no Facebook em 23/03/2019