A TORTURA DAS GRANDES URBES

A TORTURA DAS GRANDES URBES

A sociedade humana foi se aglomerando, num iniciar de vínculos sociais baseados na família e nos clãs. Todavia, tudo na vida tem seu preço e valor.

Até quando, iremos buscar nos juntar, sem estarmos conscientemente juntos, sermos vizinhos sem nos conhecermos, cearmos em mesas com quem nem mesmo tivemos a chance de sabermos quem é?

Estamos perdendo a capacidade de amar, pelo simples fato de convivermos com quem nem mesmo dedicamos nosso carinho, troca de idéias e ideais. Estamos cada vez mais com nossos galhos longe das raízes, forçando nossos troncos de ancestralidade e etnias ao desconforto da pura busca pela pujança de riquezas materiais, perdendo os laços de amizade e companheirismo que forjaram a nossa capacidade de grupos sociais em busca da sobrevivência num mundo que já foi mais adverso.

Relegamos os riscos das grandes concentrações humanas, que demandam esforços cada vez mais hérculeos para prover o sustento e a sanidade ambiental e até mental, que a sensação de clausura nos traz, quando nos vemos sufocados em prédios e becos, em pardieiros de guetos sociais, que refletem a ganância de uns poucos, que dominam uns muitos, num regozijo de ricos tiranos, que não se importam quando o povo queima nas grandes favelas em que se transformaram as grandes urbes, sem que se possa viver com a dignidade e liberdade dos que ainda podem viver no agreste das pequenas vilas e povoados, onde ao menos se sabe com quem dormimos ao lado.

Até quando choraremos nos lutos das grandes tragédias, que poderiam ser evitadas, se fôssemos mais precavidos, como os humanos primordiais, diante da fragilidade que o enfrentamento das adversidades e feras bestiais lhes exigiam?

Pois que hoje as bestas estão camufladas em nossos próprios semelhantes, que nem mais sentimentos de amor e fraternidade conseguem nutrir diante de tanta perfídia e usura maldita, que se alastra em toda a sociedade, que hoje já não consegue se proteger da conexão globalizada pelo avanço das tecnologias, que não aprendemos ou não queremos usar para o bem de tudo e de todos, vendo os incêndios e tantos acidentes carcomerem a nossa essência de humanidade.


Publicada no Facebook em 25/02/2019