COMO SÃO AS DÉCADAS SEM A IMORTALIDADE DA CARNE?

COMO SÃO AS DÉCADAS SEM A IMORTALIDADE DA CARNE?

As décadas são compostas de anos, representando 10 voltas completas do planeta Terra, em torno da sua Estrela maior, que chamamos de Sol, o grande Deus Helios, na história religiosa grega da antiguidade clássica.

Circundar o Sol é percorrer o espaço celeste sem sentir, pois estamos a bordo da nave mãe. Aquela que permite uma viagem sem turbulências, como se estivéssemos numa rede placidamente colocada para o descanso.

Dar uma volta em torno de uma estrela é ter a sensação da imortalidade, embora ela seja mais para a estrela do que para nós, que nem poeira cósmica somos. Mas essa sensação só pode ocorrer se mergulharmos nos espaços mais recônditos das dimensões de vida, onde poucos estiveram ou estarão, pois exige de nós nos integrarmos de corpo e alma ao estágio de harmonia Celeste que está bem acima da capacidade de quase todos os seres humanos que já existiram nesse plano de vida.

Quando somos gerados e os ventres nos expulsam do casulo materno, começamos a nossa jornada estelar, passando de ovo pra pinto, como diriam alguns de nossos antepassados. Jornada essa que segue as translações, mas também são energizadas pelo restante do plantel de astros e asteróides que gravitam nesse confim do espaço sideral.

A primeira década é aquela em que estamos como um mecânico a preparar um carro para uma viagem, regulando o motor, colocando combustível, verificando todos os itens de segurança e de controle, testando se o consumo é ideal, se tem faróis para iluminar o caminho, se está legalizado para transitar. Enfim, estamos preparando a máquina para a fase de testes.

A segunda década será marcada pelos testes e correções de distorções que possam haver, como se estivéssemos numa Fórmula Um e os treinos pré temporada fossem necessários, que equivale a estarmos sendo orientados sobre como se comportar ou aprender um ofício, que só se consolidará na terceira década, que será crucial para as etapas seguintes.

Se sobrevivermos a todas as intempéries e riscos causados por sermos um bólido ainda não totalmente testado, então muito provavelmente, estaremos sendo ejetados do porta aviões que são nossos casulos familiares para buscar vôos próprios, sem paraquedas para uns ou sem cabines ejetáveis para outros.

Não importa o quanto queiramos a segurança que ainda tivemos parcialmente até a terceira etapa, mas seremos timoneiros de nosso próprio barco daí em diante, mesmo que eventualmente tenhamos de recorrer ao estaleiro onde estão todos os tipos de mecânicos que precisamos outrora, como os recém autônomos as vezes recorrem e pedem alguma ajuda aos seus pais ou parentes.

E, chegada a quarta década, que para uns já representa a metade da jornada, é a fase do muito se preocupar, pois muitos estão a gerar outras vidas para a continuidade do ciclo humano, e as angustias vicejam, já que a cada momento em que a humanidade avança no tempo, ela busca novos modos de sobrevivência, que naturalmente exige que nos reciclemos, no todo que nos preparamos tecnicamente e culturalmente para vivermos.

É uma grande batalha, silenciosa e sem troca de tiros, mas que exige persistência e obstinação, para chegarmos à quinta década com vitalidade necessária para também cumprirmos o ciclo de treinamento dos sucedâneos, sem nos esquecermos como indivíduos ou casais. Nessa fase começam as indagações sobre o existir, que já não se apresenta no crescente, e sim no decrescente do outro lado da montanha que lutamos arduamente para escalar.

É pensar como quem vai subir numa Jaqueira, mas que vai ter que descer depois, pois lá não poderá ficar eternamente. A jaqueira tem um tronco não tão rígido, cheio de gomos ou saliências de pequenos nódulos de frutos já caídos, que ajudam a dar calço na subida. Mas também possuem um caule de casca frágil e galhos maleáveis e fáceis de quebrar, o que inverte a vantagem da subida, tornando a descida uma aventura, que pode levar a uma queda repentina, que pode machucar, aleijar ou até ser fatal.

E as outras décadas vão se vislumbrando, onde o corpo começa a dar sinais de estagnação, cansaço e falhamento da máquina, que não foi primordialmente preparada para troca de peças ou retífica de motores. Embora os avanços da medicina moderna nos permita pensar em soluções protelatórias, como próteses, doações de órgãos e outras opções mais.

É como tentar encontrar o místico cálice da eterna juventude, o Graal, que vive no nosso imaginário.

Enquanto a vida continua, perdura o aprendizado. E acostumamos a declamar que isso sim, levaremos conosco para onde formos no final da jornada terrestre. Mesmo quando padecermos de doenças que nos tornem incapazes de tomar decisões ou ter discernimento sobre a realidade enfrentada.

Aí entra uma etapa fundamental, que está embutida em todas as fases da vida, que nos cobra cuidar dos que já têm muitas décadas passadas, pois eles e elas serão sempre fonte de inspiração e exemplo de como sobreviver, buscando a eternidade, mesmo passando as décadas sem a imortalidade da carne.

Quem saberá dizer como será o outro caminho, ou a outra jornada, depois dessa aqui enfrentada? Sabemos apenas que há um limite para as nossas décadas aqui, mas também temos a certeza de que enquanto repetirmos os ciclos de vida terrestre, a imortalidade do gênero e da espécie continuará a ser almejada, para quem sabe, podermos todos gozar da decantada eternidade.

Estaremos sempre a especular, a tentar criar versões que enalteceremos como sendo a pura verdade, embora verdade seja um conceito construído, fruto das experiências de cada um ou de cada grupo social. O que realmente é certo são as leis naturais que regem o Cosmo infinito, cujo mistério comparamos a Deus, pois ele sim, é Onipotente, Onipresente e Onisciente! O resto é sonho e devaneio!

Publicado no Facebook em 16/05/2018