Palavra Solta – um tempo de flores de relva

Palavra Solta – um tempo de flores de relva

*Rangel Alves da Costa

Um triste e doloroso tempo. Mas também um tempo de flores de relva. Um tempo de angústias e aflições. Mas também um tempo de pousos na relva. Um tempo de medos apavorantes. Mas também um tempo do silêncio das flores. Sim, sair das entranhas dessa pandemia, fugir das notícias de tanta agonia, pegar a estrada e buscar a relva. Sim, abdicar da casa e do asfalto, deixar para trás a porta e o fogão, nem olhar pra trás no que ficou no quintal. E seguir, seguir pela estrada e cortar caminho, entrar em veredas e encontrar os campos, e em campos de relva encontrar a paz. Que seja somente a paz passageira, vez que o medo se achega no vento, mas que seja a certeza do encontro com outro momento que desejava ter. Ter momentos de si para si, ter instantes de olhar para dentro e dizer que tanto precisava disso. E pela relva rolar sem ter pressa, pela relva deitar muito mais, colher desse instante uma beleza escondida, que é o momento de reencontrar a vida. E na relva olhar adiante, e na relva avistar a flor. E colher a flor e enfim dizer: oh vida, quanto bem é você!

Escritor

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