Palavra Solta – canção do exílio
Palavra Solta – canção do exílio
*Rangel Alves da Costa
Aqui estou em pleno exílio. Não é pátria distante, não levado forçadamente além-fronteiras, não desterrado do berço natal, mas igualmente lançado a uma estranha solidão. Ora, o isolamento imposto pela pandemia, nada mais é que um doloroso exílio perante aquilo que gostamos de viver e vivenciar. Em estado de reclusão entre quatro paredes, em situação de distanciamento do mundo lá fora, em instantes vividos no eu para mim, então hei que reinventar a vida para, na desolação, tecer em versos outra canção do exílio: Pátria minha entre quatro paredes, multidão de minha voz e companhia do meu passo e de minha sombra, que as fronteiras do ontem que ficaram atrás retornem como passos de vida, com momentos de alegria e de gratidão, como portas e janelas ao mundo e ao ser que não merece amargar o silêncio das horas e sussurro do tempo. E que o exílio seja apenas canção, e que da canção renasça a esperança que as mesmas luas e os mesmos sóis retornem sem temor, medo ou pavor. Que e vida reencontre seu canto. E que seu canto seja tão belo quanto a vontade de imensamente viver.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com