GRIPE ESPANHOLA

Em 1918, a “gripe espanhola” matou, em todo mundo, pelo menos cinqüenta milhões de pessoas (cogita-se, inclusive, entre 50 e 100 milhões de pessoas). Foi terrível igualmente no Brasil, dela morrendo o próprio Mandatário Supremo: “Nem mesmo o Presidente da República é poupado. Rodrigues Alves, eleito em março de 1918 para o segundo mandato, cai de cama “espanholado” e não toma posse. O vice, Delfim Moreira, assume interinamente em novembro, à espera da cura do titular. Rodrigues Alves, porém, morre em janeiro de 1919, e uma eleição fora de época é convocada.”Contaminou mais de quinhentas milhões de pessoas no planeta. Acredita-se que a falta de higiene da época tenha agravado a pandemia. Bem, outras tantas viroses menos letais e maléficas assolaram a humanidade ao longo da história recente. Agora, avulta o espectro do CORONA VÍRUS, partindo da China e espraiando-se. Nosso desenvolvimento científico e econômico ainda é pobre para o pronto oferecimento de soluções, mas hábitos, políticas e níveis culturais encontram-se mais evoluídos que nos anos que sucederam à Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Já é alguma coisa. As medidas médicas e sanitárias atuais são, no geral, louváveis e adequadas para evitar o pior. Temos de observá-las, é claro. Preocupa-me, no entanto, nestes tempos de maior progresso, a histeria apocalíptica que se observa em diversos países, inclusive no Brasil, ainda com um não tão expressivo nível de incidência. Tenho ponderado que, assim como nos indivíduos, o tratamento, a prevenção ou a “cura” podem ser, eventualmente, mais deletérios que a própria doença. Nada a ver com políticas sensatas de saúde pública, mas tudo a ver com o amanhã, quando poderá faltar até mesmo o pão. Morrer de fome, no sentido lato da expressão, pode até vir a ser efeito colateral de restrições extemporâneas e radicais. Isto que, nestas paragens, estamos ainda no verão. Se as medidas vingarem rapidamente, será uma beleza, tomara, já que tudo se resolveria em curto prazo. Mas, por muito tempo, aí a vaca poderá ir para o brejo, como uma espécie moderna de “gripe espanhola”.