MATANDO O MUNDO

O caos agora está bem mais perto. O mundo está vivendo sob a sentença da humanidade, que se recusa a pensar. É o próprio homem, o criador de sua pena de morte. O planeta ouve, reage até, mas acata. No fim das contas, o dom de criar e destruir pertence a ele, que dá prioridade ao destruir, em nome de uma eterna construção que ninguém sabe de que. Talvez do enorme buraco no qual seremos enterrados.

A natureza perde o verde, a policromia que o progresso esmaga, porque o imediatismo não planeja. Apenas faz. É truculento em seu fazer, na base do aqui e agora. Parece o fim do céu que se desbota. Não percebemos que o triunfo é triste, e que riscamos um destino trágico na acidez das nuvens carregadas de pó, química, ignorância e tudo o mais que recheia nossa loucura.

O homem é o criador da própria sentença de uma vida sem vida, um mundo sufocado e triste. Os mares respondem, cobrando o que já perderam. Cegos, não entendemos as mensagens que chegam pelos fenômenos naturais a cada dia mais incertos e violentos. As doenças ajudam a dar o aviso, mas a nossa ignorância tem a medida do absurdo. Matamo-nos pela modernidade, não sabendo conciliá-la com o bem estar de quem respeita o meio ambiente, na busca do conforto pessoal.

Sentenciamos os nossos filhos, netos e gerações posteriores, se é que elas virão, a um mundo possivelmente dividido, de igual para igual, com baratas e escorpiões. Não olhamos para nos mesmos, e o tempo passa, fechando o cerco sobre nossa insensatez. Sentença do homem, criador da descriação. Construtor da desconstrução. Escravo do hoje, em detrimento irreversível do após.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 08/10/2007
Código do texto: T685806
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