(Imagem do Google)
Lar, doce lar
Há algumas décadas, em nossa pequena propriedade, na zona rural do interior de Minas ,um dos meus maiores encatamentos era acompanhar o trabalho de um casal dócil, de boa convivência, João e Maria-de- barro. Aconchegavam-se ali por um tempo e só mais tarde soube que esses arquitetos, construtores não utilizam o mesmo ninho por duas estações seguidas, quando não há mais espaço para a execução de novos ninhos, o pássaro constrói até onze andares ou ao lado do velho ninho. Construção de onze andares não presenciei, embora tenha visto um ninho ao lado do outro e minha admiração era tamanha, quão pequenos e quão grandes essas dádivas do Criador.
Com barro misturado a esterco, palha e pequenos galhos, o macho e a fêmea trabalham juntos por dezoito dias para a construção do ninho. Em média, a casa tem trinta centímetros de diâmentro e cinco de espessura. O casal tem preferência por locais abertos para fazer sua morada, árvores isoladas, postes de iluminação, até janelas no alto, desde que estejam mais escondidas. A entrada permite ao pássaro aconchegar-se sem se abaixar, sempre voltada para o norte, evitando o incômodo do vento.
Papai era cúmplice dessa minha contemplação e vez por outra, quando cavalgava pelas verdes pastagens, dizia-me:
-Vamos, minha filha, tem construção nova por aí.
Num piscar de olhos, estava em sua companhia, emocionando-me com aquelas construções sólidas, dignas dos aplausos de Niemeyer. Quando avistávamos uma dessas obras de arte, parávamos, nos olhávamos reciprocamente e nem dizíamos nada, o sentimento era de gratidão juntamente com o aprendizado de que o belo nos chama a todo momento, desde o verde das folhinhas dos pés de jabuticabas que se transformarão em pequenos diamantes negros até a acolhida das árvores a esses hóspedes tão elegantes, sóbrios.
O casal, além de se revezar na construção, em alguns momentos divide tarefas, sendo que um fica no ninho ajeitando o barro e o outro traz o material. Simpáticos, bem-humorados, macho e fêmea cantam juntos, altivos, nos arredores do ninho. Dizem que vivem juntos até o último badalar de seus coraçõezinhos. Diante de tamanha cumplicidade e recíproco afeto, discutir relação, Por quê?
Com barro misturado a esterco, palha e pequenos galhos, o macho e a fêmea trabalham juntos por dezoito dias para a construção do ninho. Em média, a casa tem trinta centímetros de diâmentro e cinco de espessura. O casal tem preferência por locais abertos para fazer sua morada, árvores isoladas, postes de iluminação, até janelas no alto, desde que estejam mais escondidas. A entrada permite ao pássaro aconchegar-se sem se abaixar, sempre voltada para o norte, evitando o incômodo do vento.
Papai era cúmplice dessa minha contemplação e vez por outra, quando cavalgava pelas verdes pastagens, dizia-me:
-Vamos, minha filha, tem construção nova por aí.
Num piscar de olhos, estava em sua companhia, emocionando-me com aquelas construções sólidas, dignas dos aplausos de Niemeyer. Quando avistávamos uma dessas obras de arte, parávamos, nos olhávamos reciprocamente e nem dizíamos nada, o sentimento era de gratidão juntamente com o aprendizado de que o belo nos chama a todo momento, desde o verde das folhinhas dos pés de jabuticabas que se transformarão em pequenos diamantes negros até a acolhida das árvores a esses hóspedes tão elegantes, sóbrios.
O casal, além de se revezar na construção, em alguns momentos divide tarefas, sendo que um fica no ninho ajeitando o barro e o outro traz o material. Simpáticos, bem-humorados, macho e fêmea cantam juntos, altivos, nos arredores do ninho. Dizem que vivem juntos até o último badalar de seus coraçõezinhos. Diante de tamanha cumplicidade e recíproco afeto, discutir relação, Por quê?