GENTE FEIA E GENTE BONITA

GENTE FEIA E GENTE BONITA

*Rangel Alves da Costa

Há gente feia e há gente bonita. Mas a beleza aqui tratada não diz respeito a dotes físicos, a feições mais ou menos simpáticas, a beleza ou imperfeição corporal, mas sim do se expressa no ser e torna a pessoa feia ou bonita.

Algo assim como expressões de simpatia ou antipatia, de humildade ou de soberba, de singeleza ou de arrogância. Dependendo de como a pessoa seja, logo se terá sua beleza ou sua feiura.

Gente feia não tem amigos. E não os tem pela falsidade, pelo gosto pela mentira, pela aleivosia, pelo desfazimento do outro, pela rede de intrigas que a todo instante procura tecer. Uma gente que age assim é sempre feia.

Gente bonita procura fazer amizades, estende a mão sem orgulho ou hipocrisia, abraça um abraço apertado e verdadeiro, dialoga em igualdade com o próximo, não leva consigo nem a vaidade nem o egoísmo. Uma gente assim sempre se mostra agradável e de boa companhia.

Gente feia coloca defeito em tudo. Nada está bom para uma pessoa assim. Tudo do outro se torna objeto de críticas, de ciúmes, de olho grosso, de descabidos julgamentos. Sempre encontra um motivo para criticar, para dizer que o do outro não presta.

Gente bonita sabe ouvir, sabe falar, sabe silenciar. Gente bonita dá importância ao outro, ouve atentamente o que diz e, mesmo discordando, contesta educadamente. Não procura provocar, não se diz dona da verdade e até volta atrás quando reconhece que errou por algum motivo.

Gente feia passa como se fosse um trator, por cima de tudo e de todos. Possui olhar que mais parece uma metralhadora de guerra. Mira o outro como se estivesse perante um inimigo que precisa dizimar naquele mesmo instante. É uma gente recalcada, de mal com a vida e com o mundo.

Gente bonita abre a janela ao amanhecer, caminha pelos canteiros, alegra-se perante as flores e borboletas, conversa com passarinhos e presta atenção em cada detalhe da natureza. Canta canções ao vento, risca poesia na areia, avista sonhos nas nuvens, possui um fácil e belo sorriso na face.

Gente feia não dá bom dia nem boa noite. Torce para que o outro pise em casca de banana e caia. Sempre torce para que nada dê certo na vida do próximo. Festeja por dentro quando algum conhecido não consegue aquilo tanto almejado. Olha pelas frestas na esperança que todos estejam infelizes.

Gente bonita possui coração bondoso. Convida para uma visita, abre a porte e recebe com satisfação, possui diálogo positivo e faz com que o outro se sinta confortável e bem. Nada do que faz é forçado ou forjado. Demonstra com a verdade o que sente, e até na verdade do sentimento, a pessoa se mostra amável.

Gente feia não tem sentimentos. Tanto faz como tanto fez que morra uma pessoa de sua comunidade. Menos um, é o que logo diz. Não derrama uma lágrima sequer, não demonstra qualquer comoção, petrifica-se pela maldade no coração.

Gente bonita é logo reconhecível. O rosto de gente bonita é bonito, independente que tenha beleza física ou não. O sorriso de gente bonita é bonito, pois suave, espontâneo, terno, meigo e carinhoso. Até a proximidade com gente bonita é bonito. Faz o outro se sentir sempre bem.

Gente feia faz do olhar uma arma. Puxa a escada para o outro cair, puxa a cadeira para o outro desabar, torce sempre pelo pior. O outro nunca presta. O outro só faz coisas erradas. E só ela vive na perfeição. Que coisa mais feia uma gente assim!

Gente bonita é poeta sem escrever poesia. Sabe amar, sabe compreender, sabe sentir o sentimento do outro. Não finge a lágrima, não finge a tristeza, nada finge. Por isso que é tão bonito compartilhar a vida com gente bonita assim!

Escritor

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